Câmara do Porto quer que Governo tome medidas para ajudar músicos do Stop
O executivo da Câmara do Porto aprovou hoje por maioria exigir ao Governo que tome todas as medidas necessárias para que os mais de 500 músicos do centro comercial Stop ali possam continuar a desenvolver as suas atividades.
© Rui Oliveira/Global Imagens
País Porto
A proposta, apresentada pela CDU, visava reverter a decisão de encerrar o centro comercial, bem como exigir ao Governo que tome as medidas necessárias para garantir que os músicos continuam a desenvolver as suas atividades no Stop, complementado com a Escola Pires de Lima.
Apenas o segundo ponto da recomendação foi aprovado, com os votos favoráveis do movimento independente de Rui Moreira e do BE, a abstenção do PSD e o voto contra do PS.
Na reunião, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, defendeu que "o Governo não deve ficar de fora" do que se passa no Stop, adiantando que o partido já apresentou um pedido na Assembleia da República para ouvir as diversas entidades envolvidas.
"O nosso objetivo é que o Stop continue a funcionar como exemplo de músicos que souberam animar um espaço que hoje estaria ao abandono", referiu.
Em resposta à vereadora, o presidente da câmara, o independente Rui Moreira, adiantou ter já avisado o ministro da Cultura sobre a situação e ter também falado com o ministro da Economia e secretário de Estado sobre "a oportunidade de resolver os problemas dos centros comerciais de primeira geração".
"Sugeri que se encontrasse uma forma de classificação [dos edifícios], inventariação e investimento", referiu, dizendo que, se os equipamentos fossem classificados, os municípios poderiam investir neles e serem ressarcidos pelas rendas.
Rui Moreira disse ainda ser preciso "alguma colaboração" do Governo, "não em termos materiais, mas legislativos".
"O Stop é a face visível de um problema que coexiste em várias cidades portuguesas", acrescentou.
Pelo PS, a vereadora Rosário Gambôa disse estar preocupada com a situação dos músicos, mas que tal não pode ser posto de lado face à situação de insegurança do edifício.
Já quanto à proposta da CDU, a socialista destacou que, à semelhança da autarquia, o Ministério da Cultura "não pode intervir em casa alheia".
Defendendo que o Governo, através do Ministério da Administração Interna, poderia ter tomado medidas mais consistentes para resolver o problema do Stop, o vereador social-democrata Alberto Machado considerou, no entanto, que a tutela "não pode fazer o que algumas pessoas querem que a câmara faça e não pode".
Pelo BE, o vereador Sérgio Aires salientou que o problema do Stop "não está resolvido no curto prazo", apesar da solução apresentada pela autarquia de usar a Escola Pires de Lima.
"Que esforços estamos a fazer para poder alojar uma parte substancial dos músicos? Deveria ser convocado o Conselho Municipal de Cultura para distribuirmos as diversas atividades, porque está visto que não é nos próximos quatro meses que isto se vai resolver", referiu.
O Stop, que funciona há mais de 20 anos como espaço cultural, com salas de ensaio e estúdios, viu a maioria das suas frações serem seladas em 18 de julho, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir, mas reabriu em 04 de agosto, com um carro de bombeiros à porta.
Depois de receber o relatório da inspeção extraordinária realizada pela Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANEPC), os serviços da Câmara do Porto defenderam o encerramento do centro comercial e o intento de uma providência cautelar contra a ANEPC e o Ministério da Administração Interna.
Na sexta-feira, os proprietários e arrendatários do Stop foram notificados pelos serviços da autarquia de que tinham 10 dias úteis para desocupar o edifício, mais concretamente, até 22 de setembro, dia para o qual foi já convocada uma nova manifestação na Avenida dos Aliados em protesto contra a decisão da câmara.
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