A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Lisboa avançou, esta quinta-feira, que 16 jovens ativistas foram detidos após "bloquearem os portões de acesso às antigas instalações do Ministério do Mar e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em Algés, acorrentando-se e colando-se aos portões e portas de acesso ao edifício", antes da reunião do Conselho de Ministros.
Em comunicado, enviado às redações, a autoridade referiu que pelas 08h54, na união de freguesias de Algés, Linda-a-Velha e Cruz Quebrada, "decorreu uma manifestação não comunicada nos termos da legislação em vigor, promovida pelo grupo Greve Climática e Estudantil de Lisboa".
Além dos 16 detidos, outros três jovens foram identificados pela "participação nas ações referidas".
Na nota, a PSP indicou que os manifestantes "apesar de sensibilizados para se desacorrentar e libertarem o acesso às instalações, mantiveram a sua postura". Os jovens acabaram por ser detidos pelo crime de desobediência, após os agentes terem "esgotado todos os procedimentos legais".
A autoridade garante que o Conselho de Ministros "decorreu sem incidentes" e os detidos serão notificados para comparecer no Tribunal da Comarca de Lisboa Oeste - Oeiras. Será ainda aberto um processo de inquérito interno para "esclarecer as circunstâncias relativas à concretização das ações dos manifestantes".
Os ativistas do movimento Greve Climática Estudantil, que tinham marcado para sexta-feira uma marcha pelo clima em Lisboa, anunciaram em comunicado que a iniciativa vai decorrer junto do Ministério Público de Oeiras, às 10h00, em solidariedade com as estudantes que foram detidas hoje e que terão de se apresentar na sexta-feira naquele local.
A marcha estava marcada para a Cidade Universitária, em Lisboa.
No comunicado os jovens dizem que não haverá paz "até ao último inverno de gás" e lembram que tanto a ação de hoje como a de sexta-feira têm como revindicações o fim dos combustíveis fósseis até 2030, e a eletricidade 100% renovável e acessível até 2025.
Com as detenções de hoje o Governo "provou que prefere reprimir e ignorar os jovens, do que aceitar a ciência e criar um plano para a transição justa" que garanta "um futuro num planeta habitável", diz a ativista Beatriz Xavier, porta-voz do protesto de hoje.
Os estudantes garantem que este semestre "não vai haver paz até o governo declarar que este vai ser o último inverno de gás", e convocam "uma onda de ações estudantis pelo fim ao fóssil, a começar a 13 de novembro".
Recorde-se que, em conferência de imprensa, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, desdramatizou a manifestação, contrapondo que o Governo assume o ambiente como uma causa prioritária.
"As manifestações de opiniões diversas fazem parte da democracia. Nada mais temos a assinalar", respondeu Mariana Vieira da Silva.
Também o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, reagiu ao protesto, tendo ressalvado que "todos os jovens que se manifestam pelo clima e pelo seu futuro" devem ser "respeitados", uma vez que "são fundamentais para o progresso sustentável de que todos precisamos".
[Notícia atualizada às 19h10]
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