O coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) André Pestana, fez, esta sexta-feira, uma antevisão do último dia de greve, que começou hoje às 14 horas.
"Agora, ainda há muitos autocarros a chegar e é um dia da semana. Mas acredito que vai ser um bom aquecimento dos motores" para a luta destes profissionais.
Junto à Assembleia da República, em Lisboa, o responsável apontou que há coisas que são inéditas nesta luta. "Cerca de 100 mil crianças estão a ser privadas de professor a uma ou mais disciplinas. Não é devido às greves nem às manifestações", defendeu em declarações à CNN Portugal, acrescentando que este era o resultado da desvalorização que vinha a acontecer há, pelo menos, 15 anos.
André Pestana criticou ainda as declarações do comentador Luís Marques Mendes sobre o salário de um professor com esse tempo de serviço. "É vergonhoso que o comentador Marques Mendes, na véspera de se iniciar esta greve, ter dito que, em média, um professor com 15 anos de serviço receberiam 41 mil euros. Nem metade recebe. Por isso é que faltam professores", apontou.
O responsável lembrou que esta greve era não só dos professores, mas também de valorização de outros profissionais da educação, nomeadamente assistentes operacionais, terapeutas ou psicólogos. "Todos têm direito a ter uma vida digna a favor das nossas crianças e jovens", rematou.
Questionado sobre se os docentes não ficam também "cansados" quanto ao rendimento que vão perdendo nesta luta, Pestana referiu. "O que os colegas - mesmo os mais cansados - me têm dito é: 'André, nós não podemos parar. Porque a razão está do nosso lado'", referiu, acrescentando que "os pais começam a perceber que neste país há muito dinheiro, só que está a ser canalizado para parcerias público-privadas ruinosas, bancos, indemnizações chorudas, mas não para o essencial - os serviços públicos".
"O Governo serve outros interesses. Tem tido outras prioridades que não a de servir populações, mas sim servir grupos económicos, meia dúzia de pessoas muito poderosas neste país, mas não a maioria da população", rematou.
O responsável do STOP sublinhou ainda que esta luta é algo que todo o país tem vindo a perceber, exemplificando também com a greve dos jornalistas da TSF. "O país mudou desde dezembro. Estava tudo muito parado. Até os jornalistas da TSF fizeram greve, e muito bem. Há injustiças em todo o lado. Este povo deve-se emancipar para ter mais justiça e uma vida digna", rematou.
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