A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, expressou, este sábado, "orgulho" na investidura de D. Américo Aguiar como cardeal, notando que, apesar de Portugal ser "um Estado laico", tem uma relação "histórica" com a Santa Sé.
"Portugal é um Estado laico, mas um Estado que respeita todas as religiões e um Estado que tem uma relação com a Santa Sé histórica e que deve ser mantida", começou por dizer a ministra, que se deslocou hoje ao Vaticano, em representação do Governo, para assistir ao consistório em que Américo Aguiar foi elevado pelo Papa Francisco a cardeal.
Para Ana Catarina Mendes, a nomeação é também um reconhecimento da "excelência" da organização da Jornada Mundial da Juventude.
"E, por isso, a consideração de hoje a D. Américo como cardeal, é não só o reconhecimento do seu percurso pessoal dentro da Igreja, mas é também o reconhecimento do Papa Francisco, que teve oportunidade de o dizer, pela excelência da organização nesta Jornada Mundial da Juventude", acrescentou, em declarações aos jornalistas.
"Devo dizer que, para mim, enquanto governante e representante do Estado, é também um orgulho que Portugal possa ser visto com esta magnitude nas várias dimensões que temos na nossa sociedade e de que a Igreja também faz parte", completou.
Interrogada sobre se espera de Américo Aguiar um bispo interventivo em Setúbal, diocese da qual toma posse em outubro, Ana Catarina Mendes referiu que Setúbal é "um distrito com enormes potencialidades de desenvolvimento que tem, ao longo dos anos tido um papel histórico" na formação e consolidação da democracia, "com imensos desafios sociais, cujos problemas, cujas respostas têm sido encontradas para aí".
"Acho que D. Américo, com a sua energia, com a sua competência, com a sua capacidade de mobilizar, será uma voz também ativa para, em conjunto, encontrarmos as soluções que são necessárias para um território tão interessante como é o território de Setúbal", declarou.
Ainda sobre Setúbal, lembrou que a Diocese "recebe hoje, também, um desafio que está nas prioridades do Papa Francisco", assim como nas do novo cardeal, que passa por saber acolher e integrar "as comunidades migrantes que todos os dias chegam a Portugal e de que Setúbal não é exceção".
O novo titular da Diocese de Setúbal, até agora bispo auxiliar de Lisboa, foi hoje investido cardeal pelo Papa Francisco, tornando-se no 47.º cardeal português da História.
Américo Aguiar recebeu o anel e barrete cardinalícios, assim como a bula de criação, tendo-lhe sido atribuído o título da Igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana, em Roma.
O bispo, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e coordenador geral da organização da visita, em agosto último, do Papa a Portugal, foi um dos 21 novos cardeais (18 dos quais eleitores) anunciados por Francisco em 09 de julho.
O prelado junta-se ao patriarca emérito de Lisboa, Manuel Clemente, a António Marto, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, e a Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, como cardeais eleitores -- e também podem ser eleitos por terem menos de 80 anos -- num futuro conclave para escolher o sucessor do Papa Francisco, de 86 anos.
No Colégio Cardinalício estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam num futuro conclave: Saraiva Martins, que foi prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e Monteiro de Castro, que teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.
[Notícia atualizada às 13h20]
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