Frederico Rosa falava à agência Lusa a propósito da notícia hoje avançada pelo jornal Expresso de que o Governo tenciona juntar urgências obstétricas, encerrando a do Barreiro, e fazer nascer o Centro Materno-Infantil da Península de Setúbal no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
O autarca do Barreiro, no distrito de Setúbal, adiantou que, juntamente com os outros autarcas da área de influência do hospital do Barreiro, vai pedir uma reunião de urgência com a ministra da Saúde para perceber as reais medidas de fundo que estão a ser pensadas para o território, considerando que o foco principal deve ser a prestação de melhores cuidados de saúde.
O Hospital de Nossa Senhora do Rosário - Barreiro, pertencente à Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, tem como área de influência direta os concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete.
Para Frederico Rosa, a medida prevista pelo Governo não resolverá o verdadeiro problema, que é a falta de recursos humanos e que exige uma maior valorização dos profissionais.
"Enquanto não se tomarem medidas de fundo, que passam muito pela valorização das carreiras e pela capacidade de atrair, mas acima de tudo, de reter os profissionais no Serviço Nacional de Saúde, andamos de tempos a tempos a falar sobre estas questões", disse.
Em agosto do ano passado, o presidente da Câmara Municipal do Barreiro alertava para a necessidade de uma estratégia de fundo com um largo consenso político para a resolução do problema das urgências de Ginecologia e Obstetrícia na Península de Setúbal.
"Tal como no caso do novo aeroporto, o Serviço Nacional de Saúde é também merecedor de um consenso alargado para um caminho estrutural que passa pela valorização dos profissionais e pela melhoria das condições de trabalho", referiu na altura Frederico Rosa em declarações à agência Lusa.
A Península de Setúbal tem três hospitais: São Bernardo, em Setúbal, Garcia de Orta, em Almada, e Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, unidades que servem nove concelhos do distrito de Setúbal (Almada, Setúbal, Seixal, Sesimbra, Palmela, Montijo, Moita, Barreiro e Alcochete), com um total de 808.689 residentes nos Censos de 2021.
Frederico Rosa alertou no verão de 2024 que este não é um problema apenas local e que a questão "não se resolve com pensos rápidos", devendo ser repensada o quanto antes e a longo prazo, sob pena de os problemas se repetirem um ano depois.
"Não foi um ano, foram cinco meses", disse hoje Frederico Rosa.
Segundo o Expresso, a nova estrutura prevê que o Hospital do Barreiro mantenha o acompanhamento pré-natal, exames e alguns partos programados, enquanto o Garcia de Orta receberá toda a atividade diferenciada e a urgência obstétrica.
A justificação para esta centralização em Almada prende-se com a capacidade da unidade para lidar com casos de grande prematuridade, no entanto, a implementação da estratégia será acompanhada por mudanças nas administrações hospitalares.
Fontes próximas do processo confirmaram ao Expresso que os atuais responsáveis dos hospitais de Almada e Barreiro serão substituídos, embora ainda não tenham sido formalmente informados da decisão.
Numa análise aos dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, divulgada hoje, o jornal Público indica que nos concelhos do Barreiro, Montijo e Moita a taxa de mortalidade infantil é mais do dobro da nacional.
Em 2023 o Barreiro e o Montijo tiveram uma taxa de 6,1 mortes de bebés com menos de um ano de idade por cada mil nascimentos, enquanto na Moita o valor foi de 5,2 óbitos por mil nascimentos. No país, a taxa foi de 2,5 nesse ano.
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