O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou que irá prolongar a greve ao trabalho suplementar, iniciada a 24 de julho, até ao dia 24 de novembro, devido às divergências negociais com o Governo e aquilo que considera ser uma proposta "desrespeitosa".
Em comunicado, o SIM explicou que a greve continuará a paralisar o trabalho nas horas extraordinárias "em dia da semana, útil ou não, qualquer que seja o período, diurno ou noturno a que respeite, ou qualquer que seja a respetiva duração, em todos os Serviços e Estabelecimentos portugueses onde os trabalhadores médicos exercem funções nos CSP [Cuidados de Saúde Primários], no território do Continente e no da Região Autónoma dos Açores".
O sindicato contou que o prolongamento da paralisação baseia-se na "incompreensível e desrespeitosa proposta governamental de um aumento médio, transversal a todos os médicos, de 3,6% para compensar uma perda de poder de compra superior a 22% e face à suspensão unilateral da negociação e aprovação de disposições legislativas sem o acordo sindical".
No sábado, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, afirmou à Lusa que os médicos tiveram "muita paciência" e que, depois de 16 meses de negociações com o Ministério da Saúde, continuam à espera de propostas que respondam às reivindicações dos profissionais de saúde.
As negociações começaram em 2022, com os médicos a exigirem um aumento dos salários que acompanhe o aumento do custo de vida. Além disso, um dos pontos nos quais as negociações tem sido difíceis é o pagamento de horas extraordinárias, com a lei a estabelecer que os médicos devem fazer um máximo de 150 horas de trabalho suplementar por ano e o Governo a pedir, face à falta de profissionais, que estes as ultrapassem (algo que os profissionais têm contestado).
Como consequência, várias unidades de saúde por todo o país passaram a encerrar serviços de urgência durante o fim de semana.
Ainda no mesmo comunicado, o SIM reitera que pretende que o Governo, assim como o governo regional dos Açores, "forneçam uma resposta efetiva ao Caderno Reivindicativo sindical", que seja apresentada "uma proposta de grelha salarial que reponha a carreira das perdas acumuladas por força da erosão inflacionista da última década", e que "o regime de Dedicação Plena, tal como foi unilateralmente definido, não seja imposto como condição para integrar uma Unidade de Saúde Familiar".
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