RedEscolas Anticorrupção: Dia 27 acaba prazo. Em que consiste o programa?

Até dia 27 de outubro, as escolas podem aderir ao programa da All4Integrity que pretende fomentar o desenvolvimento de uma cidadania esclarecida e ativa.

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© All4Integrity

Natacha Nunes Costa
24/10/2023 10:00 ‧ 24/10/2023 por Natacha Nunes Costa

País

Corrupção

Decorre até dia 27 de outubro o período de adesão das escolas ao programa RedEscolas AntiCorrupção, criado em 2021 para fomentar junto dos jovens a "literacia que visa o desenvolvimento de uma cidadania esclarecida e ativa", assim como "a confiança e empatia por instituições locais, num processo de elevação de consciências e alteração de comportamentos que favoreçam a disseminação e aprofundamento de uma cultura de integridade em Portugal", tendo por base "os valores de uma democracia participativa".

Ao Notícias ao Minuto, a vice-presidente da All4Integrity, associação e rede global de origem portuguesa responsável pelo programa, revelou por escrito que o RedEscolas AntiCorrupção destina-se, em primeiro lugar, "a todas as escolas portuguesas que lecionem o português, em território nacional e/ou internacional, e com alunos do 7.º ao 12.º ano". Ou seja, qualquer escola - regular, profissional, artística, nacional ou internacional - pode aderir ao programa, sem a imposição de "um número mínimo de alunos/turmas e professores/disciplinas participantes" e definir, de acordo com os objetivos do RedEscolas AntiCorrupção, "o seu projeto educativo e a natureza do próprio estabelecimento de ensino, qual o ano, ou anos, escolar(es), as disciplinas e as fases do programa no qual vão participar".

De acordo com Ângela Malheiro, a All4Integrity desenhou o RedEscolas por acreditar que "quanto mais consistente e robusta for a formação do público escolar nos diversos temas em torno da corrupção (lobbying, conflito de interesses, tráfico de influências, suborno, etc.), maior será a mobilização da sociedade face ao combate da principal causa do atraso no desenvolvimento e da prevalência de desigualdade económica e social em Portugal".

Devolver a esperança aos jovens

Assim, com a ajuda de um "roteiro pedagógico", querem ajudar as escolas a "afastar a abordagem temática centrada num discurso negativo, fatalista e centrado em casos mediáticos que acentuam o ceticismo dos jovens face ao nosso país e a falta de esperança".

O programa está alicerçado em cinco pilares educativos. "O primeiro de todos passa por expor os nossos alunos à (i) linguagem específica em torno da temática da corrupção e, consequentemente, conhecer os seus (ii) principais agentes. Conhecer conceitos e atores promoverá uma maior (iii) consciencialização, através da avaliação das consequências diretas e indiretas das práticas de corrupção, como os custos económicos e sociais, as perdas, as desigualdades e as injustiças. Motivados para estudar a temática, os alunos são convidados a partir para (iv) a ação desenvolvendo práticas de cidadania individual e coletiva através de um contacto mais estreito com pessoas e instituições do poder local e central. A médio/longo prazo este programa terá (v) impactos significativos quer a nível individual, com a alteração do comportamento; nas escolas, com a adoção de novos currículos ou abordagens pedagógicas sobre o tema; na comunidade, com o desenvolvimento de uma cultura de integridade", explicou a responsável ao Notícias ao Minuto, acrescentando que a All4Integrity já está a desenvolver um Referencial de Monitorização e Avaliação de Impacto para o Programa RedEscolas AntiCorrupção  (em consulta pública até 31 de outubro), para aferir se eventuais alterações nos comportamentos dos participantes podem já ser atribuídas ao programa.

Expansão geográfica pelo mundo

Na edição passada, o programa triplicou o número de escolas participantes na primeira edição. Este ano, a All4Integrity prefere falar na "expansão geográfica pelo território nacional e pelo mundo" e na "consolidação das práticas pedagógicas", uma vez que a escola portuguesa enfrenta, segundo Ângela Malheiro, diversos “desafios”, como a falta de professores, e “inúmeras solicitações” da sociedade.

"Na edição anterior, a RedEscolas AntiCorrupção esteve presente em estabelecimentos de ensino de 15 dos 18 distritos portugueses e em três continentes. Nesta 3.ª edição queremos manter a participação de, pelo menos, 50% das escolas que aderiram nas edições anteriores, aumentar o número de escolas portuguesas em território internacional, a entrada de escolas internacionais que estão presentes em Portugal, assim como a presença no continente americano. No entanto, não posso deixar de referir que, mais importante do que o número de escolas que vai, ou não, aderir ao programa RedEscolas AntiCorrupção, é o modo como o programa será implementado por cada escola, a adesão dos alunos e professores e, a consequente, mobilização da comunidade escolar", salientou a responsável.

Para Ângela Malheiro, "a escola de hoje tem, mais do que nunca, de estar atenta aos problemas da sociedade, preparando os nossos jovens em primeiro lugar, mas também, a comunidade educativa, para uma convivência plural, inclusiva e democrática".

"Vivemos um tempo marcado por uma falta de confiança nos atores políticos, nas instituições e nos processos democráticos. A escola, concretamente através da educação para a cidadania, poderá contrariar este processo reforçando o papel e a influência dos jovens, que se encontram em formação, para desempenharem um papel de cidadãos ativos, esclarecidos e com uma ação mobilizadora e transformadora", realçou, acrescentando que, desta forma, "integrar no plano nacional de Educação para a Cidadania o Referencial Transparência e Integridade, como tem vindo a ser desenvolvido pela equipa de trabalho criada pela Direção-Geral de Educação, e a qual a All4Integrity integra, é por si uma etapa relevante na democratização pedagógica do tema da 'corrupção', de forma a promover a disseminação e aprofundamento de uma cultura de integridade em Portugal".

#libertemomeupaísdacorrupção

O RedEscolas AntiCorrupção nasceu em março de 2021, sob a influência do movimento #libertemomeupaísdacorrupção, criado em 2020, em Nova Iorque, EUA, pelo professor André Corrêa d’Almeida, que queria mobilizar a sociedade civil para o tema da corrupção.

A primeira edição deste programa de literacia anticorrupção realizou-se a 9 de julho de 2021, com o apoio institucional da Comissão Nacional da UNESCO e do instituto Padre António Vieira.

Além do RedEscolas, a All4Integrity promove uma série de outras iniciativas e programas de prevenção e combate à corrupção, assim como de desenvolvimento de uma cultura de integridade em Portugal. É o caso do Prémio Tágides, que distingue pessoas que “nos inspiram no combate à corrupção” e que se encontra neste momento a decorrer, o Tech4Integrity, uma plataforma para a incubação de iniciativas que promovam uma cultura de integridade, transparência e justiça e a Academia, cujo foco é a oferta formativa em integridade organizacional.

Leia Também: PGR recomenda envio de processos de corrupção de 2023 para o MENAC

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