O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou, em entrevista ao Público e à Rádio Renascença (RR), que serão criadas "equipas dedicadas ao serviço de urgência", pelo menos, "nos cinco maiores hospitais do país": São José e Santa Maria (Lisboa), Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Santo António e São João (Porto).
"Vamos até ao final do ano implementar no terreno os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) dedicados às urgências. [...] Acho que esse modelo também é essencial para podermos depender menos da urgência e da sobrecarga que impomos aos médicos no serviço de urgência", disse Pizarro, realçando que a sua criação será baseada num modelo "inspirado no modelo das Unidades de Saúde Familiar (USF)".
As negociações entre sindicatos e tutela continuam, numa altura em que mais de 2.000 médicos já entregaram as suas recusas a ultrapassar o limite legal de 150 horas extraordinárias anuais.
Ao Público e à RR, o ministro explicou que estas equipas serão "multiprofissionais, com um certo nível de auto-organização pelos próprios profissionais e com um modelo de remuneração com três componentes: remuneração-base, suplemento (que será o suplemento da dedicação plena) e uma componente de índice de atividade de remuneração associada ao desempenho".
Pizarro defendeu que "ao longo destes meses de negociações, o ministério tem feito uma evolução muito significativa das suas propostas, procurando perceber as preocupações que os sindicatos exprimem". Deixou, no entanto, um aviso: "Não podemos caminhar para uma solução que conduza a maiores dificuldades no SNS."
Para o ministro da Saúde, "é visível que se dependemos hoje em larga medida do trabalho extraordinário dos médicos – quatro milhões de horas feitos nos primeiros oito meses deste ano", pelo que "qualquer solução que diminua a carga de trabalho na urgência dos médicos vai agravar ainda mais esta situação".
"Temos de conseguir, com este acordo, um equilíbrio entre o que o SNS pede aos seus profissionais, de maneira que se possa reorganizar o serviço dependendo menos de horas extraordinárias e valorizando aquilo que os médicos também valorizam muito, sobretudo os mais jovens, que é uma articulação mais virtuosa entre a profissão e a sua vida pessoal e familiar", continuou.
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