Segundo revelou hoje à agência Lusa o presidente do Secretariado Regional de Setúbal da União das Misericórdias Portuguesas, Cardoso Ferreira, o encontro "resulta da vontade do senhor cardeal, bispo de Setúbal, de querer estar com as misericórdias da sua diocese".
"Não é um encontro com as misericórdias de todo o distrito, porque o distrito tem três dioceses -- Setúbal, Évora e Beja - mas apenas com as misericórdias da península de Setúbal, que pertencem à diocese de Setúbal", explicou.
"Naturalmente que nós ficamos muito satisfeitos com esta vontade do senhor cardeal e bispo de Setúbal, porque nós somos associações de fiéis, temos direção canónica e também temos alguma tutela da Igreja. E, nesse sentido, contactar com a autoridade da diocese é sempre para nós muito agradável e seguramente muito útil", acrescentou Cardoso Ferreira.
De acordo com o presidente das misericórdias de Setúbal, o encontro decorrerá durante um jantar numa unidade hoteleira de Setúbal, no qual também está prevista a presença do presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos.
O cardeal Américo Aguiar não só poderá transmitir algumas orientações, como também inteirar-se de algumas das principais preocupações das misericórdias da península, que têm problemas de sustentabilidade, comuns às misericórdias de todo o país.
"Nós prestamos um serviço que constitucionalmente pertence ao Estado, mas que o Estado delegou ou contratualizou com o setor social, que está em melhores condições, quer de proximidade, quer até de custos dos serviços que presta", lembrou Cardoso Ferreira.
"Somos prestadores de serviços para o Estado, naquela função constitucional que o Estado tem, de dar assistência às pessoas, e a comparticipação do Estado no custo dos serviços, que desde o tempo do engenheiro Guterres (como primeiro-ministro) ficou estimada em cerca de 50% dos custos, mas que neste momento anda na casa dos 36%", acrescentou, salientando que o problema já existia antes, mas que se agravou com a pandemia e com a guerra.
Para o presidente das misericórdias de Setúbal, o problema da sustentabilidade das misericórdias tem de ser enfrentado muito rapidamente, sob pena de muitas delas se verem forçadas a abdicar de algumas valências devido às dificuldades financeiras.
"Se o problema da sustentabilidade das misericórdias não for considerado muito rapidamente pelo Governo, poderá haver muitas a encerrarem algumas das suas valências, nomeadamente aquelas em que a sustentabilidade é mais difícil de conseguir", frisou o presidente do Secretariado Regional de Setúbal da União das Misericórdias Portuguesas.
Leia Também: Américo Aguiar apela à paz e a entendimento entre médicos e Governo