Após polémica, Marcelo esclarece: "Ataque terrorista serviu de pretexto"

O Presidente da República desvalorizou críticas às suas declarações sobre o conflito no Médio Oriente, considerando que o que deve prevalecer é o direito humanitário.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

José Miguel Pires com Lusa
03/11/2023 17:06 ‧ 03/11/2023 por José Miguel Pires com Lusa

País

Israel/Palestina

O Presidente da República argumentou, esta sexta-feira, que "o ataque terrorista [de 7 de Outubro], como se deu, serviu de pretexto" àqueles que "são adversários" da proposta de solução de dois Estados como resolução do conflito entre Israel e a Palestina.

"Expliquei e até acrescentei que felizmente os palestinianos como um todo não se podem confundir com o ataque terrorista de um grupo muito específico", reiterou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, respondendo às críticas de que foi alvo por, ainda esta sexta-feira, ter dito ao representante diplomático palestiniano em Portugal que os elementos palestinianos do Hamas "não deviam ter começado" uma nova ofensiva contra Telavive.

"Eu não disse isso. Não, não vale a pena estar a comentar aquilo que não se ouve quando não se ouve", disse.

O Presidente da República garantiu que a posição de Portugal "é sempre a mesma" relativamente a este conflito. "Portugal acha que deve haver dois Estados, o Estado palestiniano e o Estado israelita, que devem conviver pacificamente. Portugal apoiou sempre isso, e apoia. Tudo que contribui para isso, em termos de paz, Portugal apoia", disse.

Por outro lado, afirmou que "ao longo de décadas, houve, de um lado e de outro, grupos radicais, ou mais radicais, que em determinados momentos não favoreceram esse caminho" da paz, o que se traduz em "dar mais pretextos" para a escalada da violência na região.

"Parece que isso aconteceu, obviamente", disse o chefe de Estado, "como aconteceu muitas vezes do lado israelita radical com comportamentos como o colocar colonatos, o ocupar determinado tipo de território e por aí diante".

"Só que é evidente que atos com maior violência, como atos terroristas com os efeitos que tiveram, depois acabam por servir de pretexto. Há uma coisa que o secretário-geral das Nações Unidas disse e eu defendi-o, o primeiro-ministro defendeu-o, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu-o e a maioria da Assembleia Geral concordou, que é que o mais importante são as pessoas e portanto o direito humanitário", argumentou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o direito humanitário, que "é para valer para todos", é violado "quer por atos terroristas que matam crianças, mulheres, vítimas inocentes, quer por respostas a isso que matam crianças, mulheres e vítimas inocentes".

Mais, o direito humanitário é para valer "quer para aqueles que realmente desencadeiam atos terroristas, como o que foi o primeiro nesta fase mais recente, quer naquelas atuações que sacrificam vítimas inocentes", disse o Presidente da República, condenando, novamente, a ideia da culpa coletiva. Novamente, tal como o fez no passado, Marcelo Rebelo de Sousa citou o antigo dirigente bloquista Francisco Louçã, considerando que os ataques por responsabilização coletiva são intoleráveis, porque "é cair em cima de vítimas, sejam quem forem".

O grupo islamita Hamas, classificado como terrorista pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América, que controla a Faixa de Gaza, lançou em 07 de outubro um ataque sem precedentes em território israelita, no qual matou e raptou militares e civis, incluindo crianças.

Segundo o Governo israelita, o Hamas fez mais de 1.400 mortos em Israel e levou cerca de 220 reféns, dos quais quatro foram entretanto libertados.

As forças armadas de Israel responderam ao ataque do Hamas com bombardeamentos e o corte do abastamento de água, comida, eletricidade e combustível à Faixa de Gaza, onde vivem mais de dois milhões de pessoas, avisando a população do enclave de que estaria em perigo se não se deslocasse para sul.

As autoridades da Faixa de Gaza reportam mais de 9 mil pessoas mortas pelos bombardeamentos israelitas, entre as quais mais de 3 mil crianças.

[Notícia atualizada às 23h29]

Leia Também: "Não deviam ter começado", diz Marcelo a chefe de missão da Palestina

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