Dizer que centrais a carvão fizeram falta é "disparate técnico"

O antigo secretário de Estado da Energia Nuno Ribeiro da Silva considerou esta terça-feira "um disparate técnico" dizer que as centrais a carvão fizeram falta durante o apagão de segunda-feira e defendeu a fiabilidade do sistema elétrico.

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© Susana Vera/Reuters

Lusa
29/04/2025 17:41 ‧ há 3 horas por Lusa

País

Apagão

um disparate técnico e não é sério dizer que as centrais a carvão nos fizeram falta nesta situação", disse à Lusa o também ex-líder da Endesa Portugal, que operou durante vários anos a Central Termoelétrica do Pego, em Abrantes, distrito de Santarém, que funcionava a carvão e que encerrou em 2021.

 

Nuno Ribeiro da Silva apontou ainda que uma central a carvão demora várias dezenas de horas a partir do momento em que é ligada até estar pronta a gerar eletricidade e que várias centrais a gás, que respondem em cerca de 20 minutos, estavam paradas na altura do apagão, por não haver necessidade de as utilizar fruto da alimentação do sistema com eletricidade a custos mais baratos, através da interligação com Espanha.

Portugal e Espanha têm os seus sistemas energéticos interconectados, permitindo que cada país beneficie dos custos mais baixos a cada momento e, segundo explicou a REN -- Redes Energéticas Nacionais na segunda-feira, no momento do apagão "o sistema elétrico português estava num momento de importação, que tem sido normal nestes últimos dias para aproveitar uma energia mais barata que é produzida a partir das centrais solares em Espanha".

"É absolutamente falacioso, um erro técnico, dizer que as centrais a carvão fizeram alguma falta porque nem as centrais a gás estavam a ser plenamente utilizadas no país", vincou Nuno Ribeiro da Silva.

O antigo governante discordou, assim, de opiniões como a manifestada pelo antigo ministro da Indústria e Energia, Luís Mira Amaral, em entrevista à SIC Notícias, onde considerou "prematuro e irresponsável" o encerramento das centrais a carvão.

"Há sempre um dia em que as coisas correm mal, mas o sistema é muito fiável e é importante estarmos interligados com redes elétricas de outros países, no caso, da Espanha", defendeu Nuno Ribeiro da Silva.

Relativamente aos Relatórios de Monitorização da Segurança de Abastecimento (RMSA) do Sistema Elétrico Nacional, produzidos pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que têm sido citados por alguns especialistas por alertarem há vários anos para o risco de um evento deste género, Nuno Ribeiro da Silva considerou que "ter profetas da desgraça e ter velhos do Restelo é muito fácil", porque os acidentes vão sempre acontecer, "passado um segundo, ou passado um século, para dizer 'eu bem disse'".

Ainda sobre os relatórios, o antigo governante destacou os alertas, que podem sempre ser dados, sobre a importância das interligações com o resto da Europa e do reforço das redundâncias do sistema.

Porém, ressalvou, "isso tem um custo".

"Devemos também encontrar um equilíbrio entre a diminuição dos riscos e, por outro lado, o que estamos dispostos a pagar e o custo que temos de suportar para que esses riscos sejam mitigados, diminuídos, porque nunca podemos dar garantia de que são erradicados", realçou.

Quanto às causas do incidente, na opinião de Nuno Ribeiro da Silva, o relatório técnico que não deverá demorar muito tempo a ser elaborado, vai concluir, "muito provavelmente", que houve um erro humano na operação da rede em Espanha.

Leia Também: Associação destaca "papel fundamental" dos táxis durante apagão

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