"O projeto de extração de lítio do Barroso, no norte de Portugal, é um exemplo flagrante de uma abordagem errada da transição ecológica. Desde o início, o projeto tem sido muito controverso devido aos danos ambientais, aos baixos retornos e à falta de envolvimento do público", indica o Gabinete Europeu do Ambiente em comunicado.
Dando conta de que a demissão do primeiro-ministro português "por causa de projetos 'verdes' abalou a Europa", a rede acrescenta que "a alegada corrupção no seio do gabinete de António Costa, envolvendo dois projetos de extração de lítio e um projeto de hidrogénio verde, mostra que a transição energética exige transparência, participação pública e normas ambientais rigorosas".
Esta rede de associações ambientalistas europeias reúne 180 organizações ambientais de mais de 40 países e integra em Portugal o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e pela Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável.
Segundo o Gabinete Europeu do Ambiente, a mina do Barroso é "o túmulo de Costa".
"O Governo português enfrenta agora uma situação de turbulência em relação a este projeto, autorizado pela Agência Portuguesa do Ambiente, e está a ser investigado por interferência ilegal. O projeto mineiro do Barroso é um dos principais exemplos da falta de cuidado neste processo", adianta.
O primeiro-ministro, António Costa, pediu na terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.
António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.
António Costa recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário".
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