O Ministério Público (MP) ter-se-á enganado na transcrição de uma das escutas da Operação Influencer, durante uma conversa em que o nome 'António Costa' foi referido.
Segundo avança, este domingo, a CNN Portugal, em causa está a omissão de um apelido - Silva. Ou seja, a partir da escuta será possível perceber que Diogo Lacerda Machado se referia ao ministro da Economia, António Costa Silva - e não ao primeiro-ministro. O Notícias ao Minuto já entrou em contacto com o MP, por forma a confirmara existência deste lapso.
O erro terá ficado a constar no despacho de indiciação já tornado público, dando assim a perceção de que Lacerda Machado falava do agora primeiro-ministro demissionário, e seu amigo, António Costa. Durante os interrogatórios dos últimos dias, o MP terá reconhecido que a escuta em questão estava mal transcrita.
Em causa está uma conversa entre Diogo Lacerda Machado e Afonso Salema, CEO da Start Campus - arguidos ouvidos nos últimos dias no âmbito deste processo
A conversa em questão terá acontecido a 31 de agosto do ano passado, na qual, após o pedido, Diogo Lacerda referiu a Afonso Salema: "Está bem. Eu vou decifrar essa, se é Economia ou Finanças. Vou começar por aí e depois logo lembro como tomamos a iniciativa de suscitar e sugerir.”
O empresário e amigo de António Costa deixou claro: “Se for Finanças, eu falo logo com o Medina ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa", conforme se lê na transcrição.
No âmbito desta conversa, Salema terá procurado Lacerda Machado porque precisaria de influência junto da União Europeia para alteração dos códigos de atividade económica para os 'data centers'. Mas este não terá sido o único pedido de Salema, tendo o administrador da Start Campus falado com Lacerda Machado também sobre as dificuldades que enfrentava em conseguir vistos de residência para funcionários estrangeiros.
Salema terá perguntado o que se podia fazer e Lacerda Machado pediu-lhe uma lista do que era necessário, ridicularizando mesmo um membro do Executivo.
Única referência a Costa
O advogado de Diogo Lacerda Machado prestou alguns esclarecimentos em relação ao "lapso" que terá sido cometido pelo Ministério Público na altura da transcrição das escutas. De acordo com Manuel Magalhães e Silva, o erro - a troca de nomes - foi "reconhecido" pelo MP após Lacerda Machado o ter sinalizado.
Questionado pelos jornalistas, no campus de Justiça, se esta seria a única vez que Lacerda Machado falaria de António Costa, o advogado foi peremptório: "Exatamente. Do que está na indiciação, sim".
"Os lapsos, quando são involuntários, não têm, obviamente, gravidade nenhuma sob o ponto de vista subjetivo, têm apenas gravidade sob o ponto de vista objetivo. Se foi intencional ou não, eu não faço essa injúria ao Ministério Público", referiu ainda o advogado de Lacerda Machado.
[Notícia atualizada às 12h52]
Leia Também: Ministério Público "reconheceu lapso" com nomes do PM e ministro