JN não chega às bancas na 5.ª feira no 2.º dia de greve dos trabalhadores

O Jornal de Notícias (JN) não vai chegar às bancas esta quinta-feira, a primeira vez em mais de 30 anos, no segundo dia da greve dos trabalhadores, que contestam o despedimento anunciado pela Global Media, anunciou uma delegada sindical.

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Lusa
06/12/2023 18:07 ‧ 06/12/2023 por Lusa

País

Greve

"Está confirmado [pela direção] que, na quinta-feira, não vai haver JN nas bancas. O 'site' também está parado. A adesão à greve é de quase 100%", assegurou a delegada sindical do jornal Rita Salcedas à Lusa.

Esta vai ser a primeira vez em mais de 30 anos que o JN, que tem publicação diária, não está nas bancas.

"É uma situação muito complicada, que hoje ainda se tornou mais [...]. Foi informado que o subsídio de Natal, que deveria ser pago amanhã [quinta-feira] vai ser pago em duodécimos", referiu a delegada sindical.

O Global Media Group (GMG) também anunciou que vai avançar com "um processo de reestruturação de negociação de acordos de rescisão, com caráter de urgência, num universo entre 150 e 200 trabalhadores".

Segundo um comunicado interno, assinado pela Comissão Executiva do grupo, esta decisão vai abranger as diversas áreas e marcas do grupo.

A Global Media diz que com isto pretende "evitar um processo de despedimento coletivo", opção que remete para "último caso".

Meia centena de trabalhadores do Jornal de Notícias concentraram-se hoje frente à redação do Porto para contestar o alegado despedimento de, pelo menos, 150 pessoas no GMG, que, a concretizar-se, será "o mais gravoso de sempre".

"Se se despedirem 40 pessoas no Jornal de Notícias [JN], que é quase metade da redação, vamos ficar a fazer um jornal com 30 ou 40 pessoas", afirmou o dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e jornalista do JN Augusto Correia à margem da concentração, detalhando que o jornal tem cerca de 90 jornalistas, 78 no Porto e 11 em Lisboa.

"Enquanto agente sindical, enquanto jornalista e enquanto cidadão deste país, não quero nenhum jornal feito em condições deficitárias. Quero jornais de qualidade, quer televisões de qualidade, quero agências e rádios de qualidade", enfatizou.

Os salários deste mês, cujo pagamento estava em atraso, começaram a ser liquidados na terça-feira, mas o subsídio de Natal ainda não foi pago.

A agência Lusa tentou obter um comentário por parte do GMG, o que não foi possível até ao momento.

Augusto Correia já tinha avançado que, na quinta-feira, o JN não deveria estar nas bancas.

"É sempre uma pena o jornal não sair [...], mas também prova a força desta redação e a força deste jornal, não só aqui, mas no país", sustentou.

Enfatizando que em causa está "a salvaguarda do jornalismo como um pilar da democracia", Augusto Correia salienta que salvar o JN é salvar "a voz de milhares de pessoas que se perde se este jornal definhar ou, até, morrer".

Para além da iniciativa de hoje, os trabalhadores do JN concentram-se na quinta-feira à tarde frente à Câmara Municipal do Porto. Paralelamente, prosseguem uma campanha nas redes sociais sob o lema "Somos JN".

Leia Também: Jornalistas do JN sensibilizam Governo para despedimento coletivo

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