JN é o "último bastião da liberdade informativa" no Porto

O presidente da Câmara do Porto alertou hoje que o Jornal de Noticias (JN) é o "último bastião da liberdade informativa" na região e defendeu que o financiamento da comunicação social "tem que ser revisto".

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Lusa
07/12/2023 17:31 ‧ 07/12/2023 por Lusa

País

Rui Moreira

Em declarações aos jornalistas, Rui Moreira, que fez questão de cumprimentar os cerca de 50 trabalhadores do JN que se manifestaram esta tarde em frente à Câmara do Porto onde decorria a reunião do Concelho de Ministros, disse ainda estar surpreendido com o anúncio de despedimentos naquele diário.

Um grupo de cerca de 50 trabalhadores do JN manifestou-se esta tarde contra o anúncio do despedimento de 40 dos 90 trabalhadores daquele diário, sendo o detentor do JN, o Global Media Group (GMG), deu conta de que pretende rescindir contratos "com caráter de urgência" com 200 trabalhadores dos vários órgãos do grupo.

"O JN é o último grande jornal do Porto, um jornal não é apenas uma coisa em papel, que a gente compra, é a liberdade de escrutínio, de informação, não nos podemos esquecer que no início do séculos o Porto tinha três jornais, tinha o Comércio do Porto, o Primeiro de Janeiro e o JN", salientou Rui Moreira.

Segundo o autarca, "o JN é ultimo bastião da liberdade informativa no Porto, é o último jornal que vê o mundo e vê o país a partir do Porto e faz isso com total liberdade".

Rui Moreira defendeu que o que está a acontecer com o JN merece reflexão: "Eu tenho vindo a insistir que o financiamento da comunicação social tem que ser revisto (...) Numa cidade como o Porto (...) o serviço que os jornalistas prestam não pode ser quantificado em termos de vendas e isso está especificado no próprio entendimento do que é o jornalismo", referiu.

Para o autarca, "a informação é um valor, não é um valor intangível, é tangível que se tem que proteger: "Faz-me a maior das impressões que nós não possamos apoiar o JN nesta altura. Eu gostaria que se encontrassem formas dos municípios poderem ajudar sem estarem agarrados às teias da contratação pública, poderem ajudar nisto", salientou.

"É uma boa altura para que as forças políticas definam por uma vez que aquilo que é o jornalismo não possa ser quantificado em função das vendas e daquilo que é a capacidade que os jornais possam ter de atrair publicidade", defendeu Rui Moreira.

Em comunicado interno, quarta-feira, o grupo detentor do JN anunciou que vai negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".

De acordo com o comunicado, a que a agência Lusa teve acesso, os acordos de rescisão serão negociados "num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas" do grupo, sendo o objetivo "evitar um processo de despedimento coletivo" que, segundo a Comissão Executiva, "apenas será opção em último caso".

"Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa", a administração do GMG avança ainda que "o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano", lê-se.

Aquele comunicado foi divulgado quando os trabalhadores do JN se encontravam reunidos em "piquete de greve", jornada de luta que cumpriram quarta-feira e hoje.

"Não encaramos de forma muito positiva, não queremos estar a dizer que é uma forma de pressão mas um comunicado destes que chega quando estamos a fazer um protesto, que achamos legitimo e justo, foi muito difícil d encarar e gerou insatisfação em todas as pessoas", disse esta tarde aos jornalistas o dirigente do Sindicato dos Jornalista (SJ) Augusto Correia.

Leia Também: Trabalhadores do JN protestam em frente ao Conselho de Ministros no Porto

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