No último dia em funções, o primeiro-ministro demissionário, António Costa, escusou-se a comentar se sentirá saudades do cargo e do Governo que, agora, abandona, tendo ressalvado que foi educado no sentido em que “as emoções se vivem connosco próprios”.
“Acho que a saudade é uma palavra original do português. É boa inspiradora para a lírica; não é uma boa forma de estar na vida”, começou por responder, face à insistência da imprensa, esta quinta-feira.
É que, recorde-se, o chefe do Governo emocionou-se no último Conselho de Estado, que ditou a dissolução da Assembleia da República, bem como no agradecimento que teceu à esposa, Fernanda Tadeu, no seu discurso de demissão. Mais recentemente, Costa não conteve as lágrimas no dia da aprovação do último Orçamento de Estado do seu Executivo.
Mas, perante a imprensa, Costa mostrou-se sorridente e, até brincalhão.
“Agora tenho é saudades do elevador, que não chega”, disse.
‘Traído’ pelo elevador, o chefe do Governo apontou que “todos os seres humanos têm emoções”, sendo que “cada um vive as emoções como sabe ou como pode”.
“Fui educado [no sentido em] que as emoções se vivem connosco próprios”, disse, quando o seu ‘salvador’ chegou.
De notar que, a partir de sexta-feira, o Governo ficará em gestão e, por isso, limitado aos atos estritamente necessários ou inadiáveis à continuação da sua atividade.
António Costa apresentou a sua demissão ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a 7 de novembro, devido a uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio, que levou o Ministério Público a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça que o visa.
O chefe de Estado aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro e anunciou a formalização da demissão do Governo para hoje. Por seu turno, apontou a dissolução do Parlamento para 15 de janeiro, no contexto das eleições legislativas antecipadas, marcadas para 10 de março.
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