Bianca Mattos, especialista em políticas da Associação Natureza Portugal (ANP), que trabalha com a internacional "World Wide Fund for Nature" (WWF), disse à Lusa que as expectativas sobre a cimeira não eram grandes e que, tendo em conta propostas iniciais, as conclusões são parcialmente positivas.
A responsável referia-se ao compromisso saído da cimeira das Nações Unidas sobre as alterações climáticas (COP28) que decorreu no Dubai, de se abandonarem os combustíveis fósseis nos sistemas energéticos.
Depois de um adiamento de quase um dia, o texto mais importante da COP28, o balanço global, foi hoje aprovado e nele os países concordaram com uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos "de forma justa, ordenada e equitativa".
Bianca Mattos disse que a ANP/WWF, como muitas outras organizações não-governamentais, esperava que no texto final estivesse a expressão "eliminação gradual dos combustíveis fósseis", porque o planeta está no limite em termos de emissões de gases com efeito de estufa.
Mas lembrou que essa expressão foi muito contestada por países produtores de petróleo e que propostas iniciais nem faziam qualquer referência aos combustíveis fósseis, insistindo antes na captura do dióxido de carbono (CO2).
Perante esses cenários, disse, mesmo a referência no documento final aos combustíveis fósseis, tal como está, já marca o começa de uma "era do fim dos combustíveis fósseis", e é "bastante positivo" tendo em conta que até terça-feira tal não estava previsto.
"É um passo importante, mas o mais importante é que os países eliminem os combustíveis fósseis das suas fontes de energia o mais rapidamente possível", afirmou Bianca Mattos, lamentando que não se tenha ido mais longe na parte do financiamento aos países mais pobres.
Para a ativista, não chega aprovar no início da COP28 a operacionalização do fundo de perdas de danos, criado na cimeira do ano passado no Egito, sendo necessário capitalizá-lo e canalizar os fundos.
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