"Casa cheia, esta noite [de domingo, segunda-feira em Lisboa], para celebrar a democracia e assistir à posse de Bernardo Arévalo como presidente da Guatemala", publicou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, na rede social X.
"Assinalando os laços de amizade entre Portugal e Guatemala, apresentei cumprimentos e desejei os maiores sucessos ao novo presidente", afirmou Cravinho.
Noutra mensagem, publicada mais cedo na X, Cravinho subscreveu "a declaração de apoio à democracia ao presidente eleito Bernardo Arévalo".
"Após eleições inequivocamente justas, livres e transparentes, a vontade popular deve ser plenamente respeitada", sublinhou o ministro.
Casa cheia, esta noite, para celebrar a democracia e assistir à posse de @BArevalodeLeon como presidente da República da #Guatemala.
— João Cravinho (@JoaoCravinho) January 15, 2024
Assinalando os laços de amizade entre Portugal e Guatemala, apresentei cumprimentos e desejei os maiores sucessos ao novo presidente 🇵🇹🤝🇬🇹 pic.twitter.com/UQkoerDYaE
O novo presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, tomou posse no domingo [segunda-feira em Lisboa] após meses de incerteza e com quase 10 horas de atraso, devido a tentativas de suspensão do seu partido, por alegadas irregularidades.
O chefe de Estado do país centro-americano, de 65 anos, acabou por tomar posse pouco depois da meia-noite (07:00 em Lisboa), sob aplausos do público, no Teatro Nacional da Guatemala, sucedendo ao conservador Alejandro Giammattei, que não esteve presente.
A tomada de posse de Arévalo, eleito em agosto, deveria ter começado às 15:00 de domingo (21:00 de Lisboa), mas a essa hora o hemiciclo ainda debatia sobre se os deputados do Movimento Semilla, partido com o qual o novo presidente venceu as eleições, deviam ser inscritos como independentes.
O Congresso acabou por revogar a suspensão do partido, com 93 dos 160 deputados a votarem a favor, permitindo aos 23 deputados do Semilla tomarem também posse.
O atraso, que se seguiu a meses de incerteza, levou centenas de apoiantes de Arévalo, que se tinham reunido na emblemática Plaza de la Constitución, na Cidade da Guatemala, a furarem o cordão policial, concentrando-se em torno do edifício do Congresso em protesto.
A situação tinha criado receios de um possível "golpe de Estado", como o próprio presidente eleito tem vindo a denunciar, acusando a Procuradora-Geral da Guatemala, Consuelo Porras, e "outros atores corruptos" de obstruírem a tomada de posse.
O Ministério Público e a Procuradora-Geral, incluída numa lista de figuras "corruptas" do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, conseguiram a suspensão provisória do partido do presidente eleito por alegadas irregularidades no seu processo de criação, em 2017.
O Ministério Público também tentou anular as eleições e retirar a imunidade a Arévalo e ao vice-presidente eleito, manobras severamente criticadas pelos Estados Unidos, União Europeia (UE), ONU e Organização dos Estados Americanos (OEA).
Arévalo foi eleito em agosto com o compromisso de combater a corrupção endémica na Guatemala, classificado em 150.º lugar entre 180 países pela Transparência Internacional.
A tomada de posse contou com a presença dos presidentes chileno, Gabriel Boric, e colombiano, Gustavo Petro, bem como o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, o ministro dos Negócios Estrangeiros português e representantes dos Estados Unidos e do rei de Espanha, entre outros dirigentes estrangeiros.
Durante a espera de quase 10 horas, Gomes Cravinho disse, por telefone à Lusa, a partir da capital, que acreditava que Arévalo tomaria posse ainda no domingo.
Filho do reformista Juan José Arévalo, primeiro presidente democraticamente eleito da Guatemala, em 1945, após décadas de ditadura, Arévalo sucede a Giammatei, criticado pelo apoio à Procuradora-Geral, e sob cujo mandato foram detidos ou forçados ao exílio vários procuradores que combatiam a corrupção.
Leia Também: presidente da Guatemala toma posse após meses de incerteza