O líder do Partido Socialista na Madeira, Paulo Cafôfo, afirmou, esta quarta-feira, que "Pedro Calado não tem quaisquer condições de continuar como presidente da Câmara do Funchal depois desta mega operação".
Segundo Cafôfo, as suspeitas de corrupção que recaem sobre o presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e do autarca do Funchal, "dão-nos motivos para estar preocupados com a Madeira e os madeirenses".
"Estamos muito preocupados porque esta investigação é dirigida a altos titulares de cargos públicos na região, a quem deve ser exigida total transparência e verticalidade no exercício das suas funções", frisou ainda.
E continuou: "Esta investigação diz-nos que algo muito grave se passa na região e que não é de hoje nem é de agora. Vem de há muito e o Partido Socialista tem sido aqui o principal denunciante".
Ao que revela Cafôfo, o partido tem denunciado desde 2015 "todas estas situações, inclusive em três comissões de inquérito realizadas na Assembleia Legislativa da Madeira, na última legislatura".
"A confiança em Miguel Albuquerque e Pedro Calado ficou irremediavelmente comprometida e não vai voltar", afirmou, alertando que "os madeirenses exigem e merecem um total esclarecimento desta situação".
Na ótica do líder do PS/Madeira, o partido encontra-se confiante "de que no tempo próprio, a Justiça conseguirá apurar a verdade de todos os factos".
Recorde-se que o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, o presidente do Conselho de Administração do Grupo AFA, Avelino Farinha, e o líder do grupo AFA em Braga, Caldeira Costa, foram detidos, esta quarta-feira, na sequência das mais de 100 buscas realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) e pelo Ministério Público (MP) em vários locais da Madeira e do continente, por suspeitas de corrupção, participação económica em negócio, prevaricação, abuso do poder, entre outros crimes.
As informações foram avançadas pela CNN Portugal e pelo Observador, que indicou que os suspeitos serão levados à presença de um juiz de instrução criminal para serem alvo de medidas de coação.
Entretanto, a PJ revelou, em comunicado, ter executado de cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Região Autónoma da Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa) e, ainda, em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada, o que levou à detenção de três suspeitos, fora de flagrante delito, às 14h15 de hoje.
O presidente do governo regional da Madeira, Miguel Albuquerque, também é um dos visados da megaoperação policial, que conta com mais de uma centena de inspetores da PJ e de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal em três processos distintos, que contemplam algumas das mesmas personalidades.
De acordo com a CNN Portugal, Albuquerque é suspeito de atentado ao Estado de Direito por alegado condicionamento editorial de órgãos de comunicação social e de controlo financeiro de jornais regionais, através de privados ligados ao seu Executivo. Aquele meio indicou que o responsável pretendia condicionar notícias desfavoráveis.
Leia Também: "Não me vou demitir porque vou colaborar com a Justiça"