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Ex-primeiro-ministro 'adensa' polémicas. "Não é assim tão bonita, mas..."

O vice-presidente do Partido Liberal Democrata, que ocupou o cargo de chefe de governo no Japão durante menos de um ano, voltou a estar na 'mira' depois de ser acusado de sexismo. Mas este tipo de declarações não são uma 'estreia' no que diz respeito ao discurso de Taro Aso.

Ex-primeiro-ministro 'adensa' polémicas. "Não é assim tão bonita, mas..."
Notícias ao Minuto

13:21 - 31/01/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Japão

O antigo primeiro-ministro do Japão Taro Aso tem vindo a ser acusado de sexismo depois de ter feito alguns comentários sobre a idade e aparência da ministra dos Negócios Estrangeiros, Yoko Kamikawa.

De acordo com o The Guardian, Aso, que é agora o vice-presidente do Partido Liberal Democrata, no poder, fez os comentários durante um discurso recente.

“Ela não é assim tão bonita”, apontou antes de ‘elogiar’ a forma como Kamikawa fazia o seu trabalho, dizendo: “Mas fala com dignidade, fala bem inglês, e marca encontros com pessoas com quem precisa de estar, sem a ajuda de diplomatas”.

Segundo o The Guardian, Aso já usou também a palavra ‘obasan’ enquanto se referia à ministra, de 70 anos. A palavra é usada para descrever mulheres de meia-idade e é vista por muitos como pejorativa.

Ainda segundo o que conta o diário britânico esta quarta-feira, o antigo chefe de governo já se enganou também duas vezes no seu apelido – chamando-lhe Kamimura ao invés de Kamikawa.

Para além de ‘trocar’ o nome, o ‘vice’ mostrou também que a sua descredibilização pode ir além da atual responsável – já que apontou Kamikawa como a primeira ministra responsável pelos Negócios Estrangeiros, quando já outras duas mulheres assumiram a tutela. Foram elas Makiko Tanaka e Yoriko Kawaguchi, no início dos anos 2000.

E o que diz Kamikawa?

A ministra, uma das cinco mulheres apontadas pelo primeiro-ministro Fumio Kishid em setembro, não deixou o ‘vice’ sem resposta. "Estou ciente de que existem muitas opiniões diferentes e agradeço todas e quaisquer reações", sublinhou, acrescentando que continuar a trabalhar como a diplomata mais graduada do Japão era a resposta mais adequada para Aso.

Mas também a oposição criticou Aso, que ocupou o cargo de primeiro-ministro por menos de um ano, antes de o partido ter sido destituído em 2009. Desde aí, o responsável tem vindo a ocupar altos cargos no partido.

O secretário-geral do Partido Comunista Japonês defendeu que os comentários em questão eram condenáveis, mesmo em comparação com outros já feitos pelo ex-primeiro-ministro. “Este [comentário] é o pior”, considerou.

Segundo o The Guardian, alguns utilizadores nas redes sociais pediram mesmo a demissão de Aso.

Akira Koike, um especialista de estudos de género ouvido pelo jornal Asahi Shimbun, apontou que reconhecia que o ‘vice’ gostava do trabalho da ministra, mas sublinhou que “se estivesse a falar de um ministro [homem], nunca mencionaria a sua aparência. Apenas as mulheres estão sujeitas a uma avaliação-extra sobre o seu nível de atração”.

Não é a primeira frase polémica de Aso

O The Guardian aponta ainda, tal como já mencionado acima, que este não é o primeiro comentário ‘desviado’ que o responsável tem. Já em 2018, enquanto era ministro das Finanças, Aso considerou que “o crime de assédio sexual não existia”. O comentário aconteceu depois de um outro ministro ter sido acusado desse mesmo crime, e Aso referiu ainda que esse responsável tinha sido ‘tramado’ pela vítima.

Aso é ainda conhecido por já ter insultado idosos, diplomatas de olhos azuis, pacientes com Alzheimer e mulheres que não têm filhos – para além de já ter expressado, segundo o The Guardian, algum tipo de admiração pelo regime Nazi, tendo descrito Adolf Hitker como alguém que teve “os motivos certos”.

E há mais...

Segundo a organização internacional dos parlamentos dos Estados soberanos União Interparlamentar, o Japão está em 165.º lugar numa lista de 190 países em termos de representação feminina, com as mulheres a representar apenas 10,3% dos deputados da câmara baixa.

Mesmo o chefe de governo, Fumio Kishida, também não teve uma 'saída' particularmente isenta quando nomeou Yoko Kamikawa e as restantes mulheres, asseverando que estas "demonstrassem a sensibilidade e empatia que são exclusivas das mulheres".

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