Segundo explicou à Lusa a tenente-coronel da GNR Mafalda Gomes de Almeida, pelas 14:30 "os únicos cortes de estrada mantinham-se em Beja - Vila Verde de Ficalho e Paimogo -- sendo as alternativas a Estrada Nacional 263/1 para Pomarão, e a Nacional 258 para Barrancos", respetivamente.
A responsável adiantou também a existência de "pequenos condicionamentos" junto a Alcochete (distrito de Setúbal), na rotunda do Entroncamento, "onde os agricultores estão com os veículos" estacionados, mas "o trânsito flui".
Mafalda Gomes Almeida salientou ainda que a Guarda Nacional Republicana está a "monitorizar e a acompanhar os protestos junto dos agricultores" para garantir a segurança de todos, adiantando que, até ao momento, não se registaram "quaisquer problemas".
A tenente-coronel recordou também que existe uma parceria entre a GNR e a plataforma de tráfego Waze, que está a ser "atualizada ao minuto" com toda a informação de trânsito.
Hoje de manhã, em Vila Verde de Ficalho, os agricultores continuavam concentrados, adiantando à Lusa que a decisão que estava em cima da mesa era de "continuar [no local] e ainda mais convictos e mais firmes que ontem [quinta-feira]", dia em que começou o protesto.
António João Veríssimo, do Movimento Civil Agricultores de Portugal disse já ter tido hoje "vários contactos" e saber que "mais gente" estava a caminho de Vila Verde de Ficalho, onde está cortada, desde as 03:00 de quinta-feira, a Estrada Nacional 260 (EN260), a poucos quilómetros da fronteira com a localidade espanhola de Rosal de La Frontera (Andaluzia).
"Não estamos de forma alguma cansados. Estamos é motivados para estar aqui e para que saiam daqui resultados e as pessoas começam a acreditar que tem que ser por aqui, esta [o protesto] é a única arma que temos" para ser ouvidos, argumentou.
Insistindo que os agricultores não desmobilizam junto da fronteira, com tratores e máquinas agrícolas atravessados na EN260 a cortar o trânsito, António João Veríssimo reclamou que é preciso que "alguém próximo do primeiro-ministro" se desloque ali ou, pelo menos, à distância, dialogue com eles.
"Nós não saímos daqui enquanto não tivermos respostas concretas e tem que ser [de] alguém próximo do senhor primeiro-ministro", que "ainda é a pessoa que pode pôr aqui 'água na fervura' nesta situação que estamos a viver", disse.
Os agricultores portugueses foram na quinta-feira para a rua com os seus tratores, de norte a sul do país, reclamando a valorização do setor e condições justas, num protesto que está a bloquear várias vias rodoviárias, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.
O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, teve inicio um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.
Perante a paralisação dos agricultores pelo país, o Governo adiantou à Lusa, na quinta-feira, que a maior parte das medidas do pacote de apoio anunciado para o setor, no dia anterior, com mais de 400 milhões de euros de dotação, entra em vigor ainda este mês, com exceção das dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.
Na quarta-feira, o Governo avançou com um pacote de ajuda aos agricultores, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que não travou os protestos, que acabaram por ser desmobilizados em diversos locais, na quinta-feira à noite, mas prosseguiram noutras zonas, como Ficalho.
Entretanto, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, reuniu-se hoje, ao final da manhã, por videoconferência com representantes dos agricultores, na Câmara de Alcochete.
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