Segundo disse à Lusa Filipe Duarte, porta-voz do grupo de agricultores, os acessos foram desbloqueados pelas 22h00 de sexta-feira e os agricultores esperam agora pelos resultados de uma reunião marcada para terça-feira, às 17h00, com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e o secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues.
"Não queremos subsídios, queremos que valorizem o nosso produto, nós não somos subsidiodependentes, e precisamos que esta PAC [Política Agrícola Comum] que foi aprovada, seja ligeiramente alterada porque as ecoambientais, do jeito que estão, nós agricultores não conseguimos trabalhar", afirmou o produtor de carne e leite de Válega, no concelho de Ovar.
Entre as principais reivindicações dos agricultores estão um preço justo à produção e a regularização do mercado.
"O produtor tem que ficar com uma margem no mínimo de 50 a 60% do produto equivalente à venda final", advogou Filipe Duarte, explicando que os produtores não podem "ficar com 30% e os intermediários ficarem com os 70%".
Na concentração estiveram cerca de 85% de produtores de leite e de carne, mas o porta-voz do movimento salientou que a luta abrange todas as áreas e produtores agrícolas.
"Estamos cada vez mais endividados e não é com subsídios que nós vamos conseguir endireitar isto, nós vamos conseguir endireitar e produzir, e trabalhar honestamente com margens que sejam minimamente apetecíveis, e no mínimo terá de ser na ordem dos 50% do valor do produto, porque nós é que temos os gastos todos", apontou.
Em relação às regras ecoambientais, que incidem sobre os estrumes das vacarias, pesticidas e herbicidas, os produtores argumentam que a legislação a nível europeu não se enquadra no país, e precisam de "ser ajudados de diversas maneiras", desde a logística ao "aliviar de algumas normas".
Estimando que na manifestação estiveram cerca de 286 tratores, Filipe Duarte não espera uma solução imediata para todos os problemas, em virtude de o Governo estar "em gestão", mas que se possa alcançar um acordo viável para todos, alertando que da próxima vez que saírem à rua será "sem avisos" e sem recuos se nada se fizer.
"Se for um golpe baixo da parte da ministra para nos sacar da estrada, vai ter azar", reforçou.
Este movimento nasceu espontaneamente do protesto realizado na manhã de sexta-feira pela União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA) e que juntou mais de uma centena de tratores e máquinas agrícolas numa marcha lenta ao longo da EN 109.
Cerca das 14h00 a UABDA deu por terminado o protesto, mas largas dezenas de tratores continuavam parados, bloqueando os acessos da EN 109 às autoestradas A1 e A29 em Estarreja.
"Agora não temos nada a ver com isso. A nossa responsabilidade terminou às 14h00", disse na altura à Lusa o presidente da UABDA, Carlos Alves.
O dirigente mostrou-se satisfeito com a mobilização do protesto, considerando que foram alcançados os objetivos a que se tinham proposto no início da marcha lenta, que juntou mais de 100 tratores e máquinas agrícolas.
[Notícia atualizada às 06h54]
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