Em entrevista à agência Lusa, depois dos contactos institucionais e bilaterais que manteve hoje em Adis Abeba, à margem da 44.ª sessão ordinária do Conselho Executivo da União Africana, João Gomes Cravinho salientou que "Portugal tem-se empenhado bastante no reforço da capacitação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique".
"Fizemo-lo primeiro a nível bilateral e depois ganhando outra escala, através do processo de convencer a União Europeia a montar a missão de formação, sempre liderada por Portugal e com cerca de dois terços dos seus efetivos sendo portugueses", salientou.
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A continuidade da Missão de Treino da União Europeia em Moçambique (EUTM-MOZ, na sigla em inglês), tinha já sido defendida pela ministra da Defesa de Portugal, Helena Carreiras, numa visita a Maputo, em dezembro, considerando-a fundamental a consolidação do trabalho já realizado nos mesmos "moldes ou em moldes revistos".
Hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros adiantou que "essa missão vai terminar o seu mandato em setembro" e que atualmente está a ser discutido "o que vai acontecer a seguir" sendo que Portugal defende que "tem de ter três componentes", como explicou.
Em primeiro lugar trata-se de dar continuidade ao treino militar que tem sido assegurado e que já resultou na formação de 11 companhias.
"Por um lado, há necessidade de continuidade na formação, por outro lado, há necessidade de aumentar e alargar para mais efetivos militares e forças especiais, para que Moçambique possa assegurar as suas próprias necessidades de defesa", detalhou.
Em segundo lugar, e porque "tem de haver uma melhor ligação entre a formação e a realidade no terreno", importa subir o nível da formação dos militares moçambicanos.
"Trata-se de passar da formação básica para, num primeiro momento, uma formação mais abstrata. E isso significa que num novo mandato deve haver possibilidade de melhor aprendizagem das lições obtidas em Cabo Delgado no terreno. Isso deve contribuir para a própria formação", acrescentou, referindo-se a província do norte de Moçambique onde o fundamentalismo islâmico ameaça a estabilidade moçambicana e da região.
"E em terceiro lugar, acreditamos que é fundamental também apoiar as necessidades de equipamento das forças armadas moçambicanas, porque forças armadas precisam de equipamento", adiantou.
"Forças armadas por mais bem treinadas que sejam, se não tiverem o equipamento, não conseguem cumprir a sua missão e, portanto, são esses três componentes que nós apresentamos em Bruxelas, como sendo a nossa visão para o futuro", frisou.
O ministro João Gomes Cravinho disse esperar que nas "próximas semanas" a proposta de Portugal seja bem-sucedida.
"Naturalmente que isso corresponde também a um diálogo que nós temos com as autoridades moçambicanas e, portanto, estamos plenamente alinhados com as preferências das autoridades moçambicanas", concluiu.
A atual missão é constituída por um contingente de 117 pessoas, 65 das quais de Portugal, país que também assumiu o comando da EUTM-MOZ.
*** Eduardo Lobão, enviado da agência Lusa ***
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