"A petição dos moradores [contra a construção] não vai mudar a decisão dos órgãos municipais", referiu, sublinhando que os contratos foram assinados e estão em vigor e que a obra vai mesmo avançar.
O assunto foi hoje levado à reunião quinzenal do executivo pelo vereador da CDU, Vítor Rodrigues, no preciso dia em que começaram a ser removidas as árvores existentes no local para permitir a construção do ginásio.
Vítor Rodrigues perguntou por que razão é o município a proceder à remoção das árvores, que destino é que estas vão ter, qual o custo da operação e o porquê de a intervenção começar antes de ser dada resposta formal à petição dos moradores.
O presidente da Câmara disse que as árvores "vão ser replantadas noutro local", adiantando ainda que é o município a proceder à remoção porque os promotores do ginásio "não tinham interesse nas árvores".
Um munícipe, que interveio na reunião no período reservado ao público, disse que hoje é "um dia triste" tanto para ele como para o vereador do Ambiente, Altino Bessa, que em 2015 "andou de enxada na mão" a plantar as árvores naquele local.
Na altura, Altino Bessa disse que aquele seria o novo "pulmão verde" da cidade.
Em causa um espaço onde, em 2015, a câmara tinha plantado cerca de 50 árvores e onde agora vai nascer um complexo desportivo com ginásio e piscina, a cargo de um promotor privado.
Para os moradores, a câmara está a pôr os "interesses imobiliários" à frente dos interesses ambientais e de quem ali vive, eliminando "o único espaço verde" ali existente.
Ricardo Rio já lembrou que não se trata de um espaço verde, mas sim de um local destinado a equipamentos, adiantando que, se não fosse o ginásio, provavelmente ali nasceria uma creche.
O autarca disse ainda que foi cumprida "toda a tramitação formal em vigor", que as licenças estão emitidas e que o contrato está feito.
Explicou também que, em termos legais, o projeto resulta de um concurso público para a concessão da exploração de um terreno municipal para a instalação de um complexo desportivo, cujo lançamento foi aprovado em reunião de executivo municipal, a 26 de novembro de 2018, "com a abstenção inicial do Partido Socialista".
Em resultado da concessão, e para lá das taxas e licenças aplicáveis, o município "realizou um encaixe superior a um milhão de euros, já integralmente liquidado pela concessionária".
A câmara pretende ainda encaixar mais 700 mil euros em taxas adicionais, mas a empresa contesta e já pôs o caso em tribunal.
Na sua contestação, os moradores dizem que o complexo previsto "nada acrescenta à zona", uma vez que há nas imediações dois ginásios e o Complexo Desportivo da Rodovia, as Piscinas Municipais e os campos de ténis.
Sublinham que o empreendimento irá também provocar um aumento de circulação na zona, que "já é caótico", e provocar "grandes transtornos" no acesso ao hospital.
Leia Também: Preventiva para 6 dos 11 detidos na operação Terra Branca em Bragança