Desde 2014 que o Livre marca a reta final das suas campanhas eleitorais com uma 'pedalada'. Hoje, o trajeto teve início na Alameda D. Afonso Henriques, junto à Almirante Reis, em Lisboa, local onde o porta-voz do Livre defendeu a ideia de que "é perfeitamente possível" um cidadão deslocar-se pelas ruas da capital utilizando a bicicleta, nomeadamente as do serviço público 'Gira'.
O também vereador na Câmara Municipal de Lisboa aproveitou para deixar uma crítica ao executivo liderado pelo social-democrata, Carlos Moedas, afirmando que "a rede ciclável devia estar mais interligada" e que deveriam existir "mais redes de docas", ou seja, os locais onde se levantam ou depositam estas bicicletas.
Num dia de campanha dedicado à mobilidade e transportes, o utilizador Rui Tavares queixou-se inclusive de não haver uma destas redes em São Bento, junto à Assembleia da República, afirmando que tal estava previsto, mas não chegou a ver a luz do dia.
"Longe vai o tempo em que toda a gente tinha medo de andar de bicicleta em Lisboa", defendeu Tavares, que insistiu que este tipo de mobilidade é possível, apesar de a capital ser apelidada da cidade das sete colinas e estar longe de ser plana.
O Livre rejeita "guerras culturais de automobilistas contra ciclistas, que são absolutamente estéreis, e que têm sido às vezes utilizadas para gerar mais ruído do que soluções", manifestando-se a favor "de mais escolha" de mobilidade nas cidades do país.
Interrogado sobre se este tipo de medidas serão mais fáceis de aplicar caso o secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, seja eleito primeiro-ministro, Rui Tavares sorriu e atirou: "São medidas que serão mais facilmente aplicáveis se o Livre tiver um grupo parlamentar quanto maior melhor na Assembleia da República, se o Livre tiver uma voz determinante no Governo certamente".
Na reta final da campanha, Tavares garante energia "porque a esquerda pode virar estas eleições" e ganhá-las.
No programa eleitoral, o partido propõe a redução da velocidade máxima em zonas urbanas para 30 quilómetros por hora, "motivando um desenho do espaço público que priorize os transportes públicos, os peões e a utilização da bicicleta como modo de transporte em meio urbano".
A defesa do uso da bicicleta como meio de transporte diário não é apenas um 'slogan' no Livre, com vários membros a relatar as suas experiências diárias.
Um deles é Carlos Teixeira, 'número seis' pelo círculo eleitoral de Lisboa e biólogo, que se mostrou um entusiasta das bicicletas da rede pública, que complementa os seus percursos no dia-a-dia.
"É preciso mais bicicletas, mais estações e uma manutenção mais eficaz. Elas estão a sofrer um grande desgaste desde que o passe gratuito na área metropolitana de Lisboa passou a permitir o acesso à Gira", alertou.
Francisco Costa, membro do Livre desde 2021, definiu-se como um "Uber pai mas de bicicleta". Com dois pequenos lugares junto ao selim principal, Francisco disse que todos os dias leva e vai buscar os filhos à escola com este meio de transporte.
"Não é uma imposição que se queira fazer, apenas mostrar que é possível ter uma vida com uma pegada carbónica mais baixa e menos stress no trânsito", relatou.
Ao som das campainhas e de cânticos -- "Presente, Futuro, Livre, Livre, Livre" -- a comitiva de cerca de quarenta membros demorou aproximadamente meia hora a chegar até ao Terreiro do Paço.
Foi neste local que Rui Tavares deixou uma mensagem de ânimo aos apoiantes presentes, definindo esta ação de campanha como "um momento para recuperar forças, ver o rio, respirar ar puro e ganhar um sorriso na cara" para os últimos dias de campanha.
"Daqui até domingo, até sexta em campanha, sábado reflexão, e domingo ação, para um caminho de progresso e de ecologia para o nosso país", clamou.
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