"Ou é desconvocada a greve até segunda-feira de manhã, ou retiramos toda a proposta e iniciamos o processo de 'lay-off'", disse hoje, em declarações à agência Lusa, o administrador da Beralt Tin and Wolfram.
Segundo António Corrêa de Sá, "não há hipótese de manter a mina a trabalhar" e, se os mineiros, em greve desde dia 14 às primeiras três horas de cada turno, não recuarem, a empresa deixa de ter condições para "cumprir os compromissos" e, "sem vendas, não há dinheiro".
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira propôs um aumento salarial de 13%, o que corresponde a um mínimo de 110 euros, embora o representante sindical Mário Matos tenha adiantado que os trabalhadores estão "disponíveis para fechar acordo" com um aumento de 100 euros, mas a Beralt afirmou não poder ir além dos 6%.
O representante sindical informou que, desde a entrega do segundo pré-aviso de greve, a empresa apenas propôs um aumento de um euro no subsídio de alimentação, além dos 6% no salário, o que considerou ser insuficiente e "muito abaixo" do reivindicado.
Mário Matos destacou a "muito elevada adesão" à greve, que tem parado a extração no período da paralisação, e acentuou a "firmeza e unidade demonstradas pelos trabalhadores em prol das suas justas reivindicações".
Em declarações à agência Lusa o sindicalista manifestou a disponibilidade dos trabalhadores para negociarem e frisou que a empresa "a qualquer momento tem todas as possibilidades de resolver a situação, assim tenha vontade de apresentar propostas que os trabalhadores possam considerar", com valores "que se aproximem" do que é reivindicado.
"Entrámos numa situação que não conseguimos aguentar isto. Deixamos de cumprir os nossos contratos, não temos vendas, não temos dinheiro", respondeu o administrador.
Corrêa de Sá afirmou ter "esperança de que [os trabalhadores] levantem o pré-aviso de greve e aceitem uma posição razoável de aumento de 6%", acrescentando que representa "um aumento três vezes superior à inflação", depois dos 10% de aumento do ano passado.
"A lavaria não pode parar e arrancar, danifica os equipamentos. A produção de concentrados é mínima, não vamos conseguir cumprir os nossos compromissos", lamentou o administrador da Beralt, empresa que detém a exploração das minas de volfrâmio no sul do concelho da Covilhã, distrito de Castelo Branco, propriedade do grupo canadiano Almonty.
O representante sindical não aceita a justificação de incapacidade financeira para acomodar os aumentos pedidos, aludindo aos investimentos previstos pelo grupo, com minas também na Coreia do Sul e em Espanha.
"Esta é a única mina do grupo Almonty em exploração. Está a suportar o resto do grupo. Não percebemos como é que, quando são anunciados investimentos de 150 milhões, não existe dinheiro também para os trabalhadores, não se invista também nos trabalhadores", argumentou Mário Matos.
Corrêa de Sá rejeitou a correlação feita pelo representante sindical.
"O grupo pode investir para abrir novas minas, que é o que está a acontecer na Coreia [do Sul]. Outra coisa é ter dinheiro para manter a operação no minimamente existente. Com esse valor, a empresa deixa de ser rentável", reiterou o administrador.
Além do aumento salarial, os trabalhadores reclamam melhores condições de higiene e segurança no trabalho, a valorização das carreiras, "porque há mineiros que, após vinte anos, continuam no início da carreira", o pagamento de subsídio de risco para todos os que trabalham no fundo da mina e subsídio de fogo para todos os que executam essa tarefa.
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