"O Sindicato Independente dos Médicos é um sindicato de diálogo. Portanto, a nova ministra da Saúde pode contar connosco para melhorar o Serviço Nacional de Saúde", disse à agência Lusa Nuno Rodrigues, eleito secretário-geral do SIM no passado domingo no congresso do sindicato.
Mas, para o dirigente sindical, "mais importante que a pessoa em si, serão naturalmente as suas políticas, a sua postura de diálogo, a vontade de resolver os problemas" que foram reconhecidos nas reuniões que o SIM teve com todos os partidos antes das eleições, nomeadamente "a valorização do trabalho médicos"
Lembrou, contudo, que a resolução dos problemas, "que são sobejamente conhecidos", passa também pelo ministro das Finanças e pelo Primeiro-Ministro.
Para Nuno Rodrigues, "é urgente fixar os médicos" e concluir a revisão da grelha salarial, após o acordo alcançado no final do ano passado com o governo socialista cessante e que o SIM sempre disse que era intercalar.
"É preciso aumentar o número de concursos e o número de vagas", disse, lembrando que mais de 50% dos médicos estão na primeira categoria da carreira e que é necessário que voltem a ter "uma perspetiva a longo prazo no setor público e, nomeadamente, no SNS".
Por outro lado, defendeu ser também preciso rever a avaliação de desempenho, uma vez que mais de 70% dos médicos não a fizeram e por isso estão "há décadas parados na mesma posição, apesar da sua diferenciação técnica e formação constante".
Nuno Rodrigues salientou que "os médicos são pessoas moderadas e ponderadas e, portanto, estarão sempre do lado dos portugueses e da solução" e esperam este diálogo com o novo Ministério da Saúde tutelado por Ana Paula Martins, que foi bastonária da Ordem dos Farmacêuticos e presidiu o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, atual Unidade Local de Saúde Santa Maria.
"Não é a fechar urgências e restringir o acesso que se resolve os problemas. Também não é com os profissionais a fazer centenas de horas extra de urgência por ano, portanto, é mesmo preciso é melhorar as condições de trabalho, diminuir a parte burocrática e dar mais autonomia e flexibilidade nos horários para que os médicos consigam conciliar o seu trabalho com a vida familiar", defendeu.
"Alinhando este conjunto de incentivos, os médicos estarão em condições de prestar um bom serviço aos portugueses e tornar o SNS mais competitivo e eficiente", vincou o líder sindical.
Avançou ainda que, quando o Governo, tomar posse, o SIM enviará "um pedido de reunião urgente" para retomas as negociações.
O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, e os ministros do XXIV Governo Constitucional tomam posse na terça-feira e os secretários de Estado na sexta-feira. O debate do programa de Governo está marcado para 11 e 12 de abril.
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