Duas manifestações sobre a imigração em Portugal fizeram-se sentir no Porto, neste sábado. As posições, no entanto, foram completamente opostas.
De um lado, na praça D. João I, cerca de 200 pessoas concentraram-se para a manifestação 'Menos Imigração, Mais Habitação', organizada pelo Grupo 1143, de extrema-direita, que tem como porta-voz Mário Machado, que convocou "todos os patriotas a marcarem presença" para mostrarem "oposição à invasão de imigrantes, que é a principal razão para o aumento brutal do preço da habitação".
Por outro lado, a poucos quilómetros de distância, na Praça dos Poveiros, várias centenas de pessoas juntaram-se para "lutar contra o fascismo" e em solidariedade com a comunidade imigrante.
Na Praça D. João I, Mário Machado argumentou que "entraram 800 mil imigrantes no últimos anos [em Portugal] e não se construíram nem 200 mil, nem 300 mil habitações". "Nós, jovens, não podemos concorrer quando eles [imigrantes] vão aos 20 ou aos 30 para um apartamento e conseguem pagar uma renda de três ou quatro mil euros que nenhum casal consegue pagar", insistiu o responsável pela manifestação.
Pouco depois do início da marcha, por volta das 17h00, começaram a registar-se vários desacatos, que acabaram com a intervenção da polícia e a identificação de um membro do Grupo 1143.
As autoridades dedicaram-se, ainda, a retirar das proximidades da marcha - que culminou junto da Câmara Municipal do Porto - cerca de 50 pessoas que protestavam contra os manifestantes da extrema-direita, gritando "fascismo nunca mais". Do lado do Grupo 1143, surgia a resposta: "Salazar, Salazar" e "tudo pela nação".
Já nos Poveiros, a imagem e os cânticos foram outros: "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais" e "Fascistas chegou a vossa hora, os imigrantes ficam e vocês vão embora" foram algumas das palavras que cerca de 500 pessoas entoaram para "lutar contra o fascismo, racismo e xenofobia".
"Somos muitos muitos mil para continuar Abril", cantaram os manifestantes enquanto percorriam as ruas do Porto até à vizinha Praça da Batalha. Durante o percurso não foram registados incidentes, confirmaram à Lusa os agentes da PSP no local.
À Lusa, Barbara Molnar, brasileira a viver no Porto há um ano e meio, defendeu a importância de, no ano em que se celebram os 50 anos do 25 de Abril, "a luta pela liberdade sair à rua".
"A extrema-direita diz que os imigrantes são a causa de não existir habitação em Portugal, quando são precisamente os imigrantes que mais sofrem com as condições que encontram", lembrou.
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