"[O 25 de Abril] é um facto incontroverso, que merece uma evocação incontroversa, um agradecimento incontroverso e uma evocação, celebração incontroversa", declarou Marcelo Rebelo de Sousa, perante centenas de pessoas, na Estufa Fria, em Lisboa.
A participação do chefe de Estado neste jantar comemorativo do 51.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Estufa Fria, em Lisboa, já estava prevista, mas apenas durante a tarde de hoje foi divulgada à comunicação social.
Marcelo Rebelo de Sousa não ficou para jantar e à saída, em passo apressado, para ir ver os debates políticos televisivos desta noite, recusou comentar a opção do Governo de adiar os "momentos festivos" do 25 de Abril da sua responsabilidade por causa do período de luto nacional pelo Papa Francisco, iniciado hoje.
Quanto à opção de abranger o 25 de Abril nos três dias de luto nacional que o Governo decretou, com o seu acordo, o chefe de Estado comentou: "Penso que o critério é aproximar, se possível, da data de funeral [do Papa, que será no sábado, 26 de Abril]".
"Também houve três dias de luto pela morte do Papa João Paulo II. E nessa ocasião, por exemplo, o Parlamento funcionou, embora não em sessão solene, mas em plenário, funcionou no dia intermédio", referiu.
Interrogado se vai participar em tudo o que tinha previsto para estes dias, o Presidente da República respondeu: "Sim, sim. Só houve um ponto em que eu tive um problema de calendário e acabei por pedir o adiamento para realizar no dia 02 de maio".
O Presidente da República argumentou que é natural em liberdade e democracia haver "pontos de vista diferentes, mesmo sobre questões fundamentais" e escusou-se a "julgar os partidos" que tomaram posições diferentes sobre esta matéria.
À chegada à Estufa Fria, Marcelo Rebelo de Sousa caminhou lado a lado com Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, que hoje emitiu um comunicado a lamentar que o 25 de Abril tenha sido abrangido pelo luto nacional pela morte do Papa, quando no Vaticano o tradicional período de nove dias de luto terá início no sábado.
No discurso que fez no início do jantar, o chefe de Estado expressou "agradecimento e felicitação" aos capitães de Abril pelo seu "gesto histórico ao serviço de Portugal há 51 anos" e anunciou que tenciona "em tempo oportuno" condecorar a Associação 25 de Abril, "porque o último reconhecimento já foi antes de meados da década de 90".
Dirigindo-se aos militares de Abril, afirmou: "Muitos parabéns, valeu a pena. Por muito que haja quem diga que não valeu a pena, valeu a pena".
Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que tem participado neste jantar quase todos os anos, por vezes acompanhado pelo primeiro-ministro ou pelo presidente da Assembleia da República, em reconhecimento da importância do 25 de Abril como um momento "incomparável" da História de Portugal, e prometeu voltar mesmo quando já não for Presidente.
"Isto é História, eu explicava aos meus alunos do Direito, de História Política, de Ciência Política, que é assim. E as pessoas têm de se habituar, porque é assim, é um facto incontroverso", considerou.
Por outro lado, o Presidente da República fez um agradecimento aos antigos deputados constituintes que foram eleitos há 50 anos - que também é o seu caso - e adiantou que vários deles, cerca de 60, estarão presentes na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República, na sexta-feira.
"Viva o 25 de Abril, viva a Associação 25 de Abril, viva o Movimento das Forças Armadas, viva os capitães de Abril", exclamou, no fim da sua intervenção.
[Notícia atualizada às 22h37]
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