"Era o que faltava que Pedro Passos Coelho não pudesse dar a sua opinião"

A centrista Cecília Meireles considerou que era uma ideia "absurda" que o Executivo não pudesse dialogar "com um partido que tem um milhão de votos", referindo-se ao Chega.

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Notícias ao Minuto
08/04/2024 22:35 ‧ 08/04/2024 por Notícias ao Minuto

Política

Cecília Meireles

A antiga dirigente do CDS Cecília Meireles comentou, esta segunda-feira, as declarações do ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que hoje pressionou Luís Montenegro a 'dar a mão' ao Chega.

"Acho que, sobretudo, exerce o seu direito à sua liberdade de opinião. Agora, eu acho que estamos a levar a discussão do 'não é não' um bocadinho longe. A grande questão que se colocou durante muito tempo era perceber se a AD ganhasse e não tivesse maioria absoluta, com quem é que ia para o Governo. Era esta questão. E Luís Montenegro disse 'não é não'. Tomou posse um Governo com maioria relativa", afirmou, no 'Linhas Vermelhas', emitido pela SIC Notícias.

Sublinhando que deste ponto de vista já tinha "ficado claro" o que ia acontecer, a centrista notou que existe uma "tentativa de condicionamento cada vez maior". "Que é dizer: a AD [Aliança Democrática] é maioria relativa, os senhores vão ao Parlamento e o único partido com quem podem falar é o Partido Socialista. Portanto, só é aprovado aquilo que o Partido Socialista quiser. E eu isso é que eu acho que é uma tentativa de condicionamento inaceitável", explicou, defendendo que um Governo com maioria relativa tem "a obrigação de procurar acordos e maneira de passar as suas iniciativas com os grupos parlamentares que estão representados no Parlamento".

"Acho que fez sentido estabelecer este limite e deixar claro aquilo que a AD estava disponível a fazer para governar e a forma como queria ir para o Governo. Agora, francamente, estamos a discutir uma coisa que já aconteceu. O Governo já tomou em maioria relativa. Qual é a dúvida? É que o Chega vai retrospectivamente para o Governo? É isso que estamos a discutir?", questionou, acusando: "Há uma enorme tentativa de dizer ao Governo da AD: 'Os senhores só fazem aquilo que o PS autorizar. Aqui, como alguém que votou na AD, gostava de dizer: era o que mais faltava", atirou.

Confrontada com o peso político de Passos Coelho como antigo chefe de governo, e com a possibilidade de esta ser uma tentativa de condicionamento, a comentadora considerou que Passos sempre deu com liberdade a sua opinião. "Durante muitos anos viu-o estar em silêncio, de vez em quando aparece e dá a sua opinião. Acho normal", referiu.

"Era o que faltava que Pedro Passos Coelho não pudesse vir dar a sua opinião", acrescentou. Meireles continuou ainda a falar de uma eventual conversa com o Chega, sublinhado que, apesar de "nunca considerar normal" a possibilidade de se vir a discutir prisão perpétua, "a ideia de que pura e simplesmente não se pode falar com um partido que tem um milhão de votos parece-me uma ideia um tanto absurda"

Na presença de Ventura, Passos fala em

Na presença de Ventura, Passos fala em "diluição" de espaços políticos

Na apresentação do livro 'Identidade e Família', Passos Coelho disse que estava "satisfeito" com a presença de André Ventura, a quem desejou bom mandato. Ventura, por seu turno, descreveu a sua intervenção como "brilhante".

Lusa | 20:52 - 08/04/2024

Recorde-se que na apresentação do livro 'Identidade e Família', que aconteceu esta segunda-feira, Passos Coelho disse que estava "satisfeito" com a presença de André Ventura, a quem desejou bom mandato. Ventura, por seu turno, descreveu a sua intervenção como "brilhante".

O antigo primeiro-ministro defendeu que tem de haver uma capacidade de as pessoas "se entenderem coletivamente" e avisou que não se pode dizer aos eleitores que se tem "muito respeito pelas suas preocupações", mas não pela escolha que fizeram nas urnas.

"Isso é um bocadinho um insulto às pessoas, não podemos dizer 'estou muito preocupado com os seus anseios, mas se fizer esta escolha, daqui não leva nada, se fizer aquela escolha, comigo não fala'", afirmou.

Sem explicitar os destinatários, mas numa aparente referência a PSD e Chega, o antigo primeiro-ministro disse que "quando há identidades firmadas" não há que ter medo de os espaços políticos "se diluírem ou confundirem entre si".

"É fundamental olhar para as pessoas que ficaram desiludidas nestes anos (...) e que deram um sinal muito claro nas últimas eleições de que estão cansadas disso. É bom que todos aqueles que receberam um sinal de confiança muito forte para pôr fim a isso que ponham realmente fim a isso e que deem às pessoas razões para acreditar que vale a pena fazer um jogo diferente", disse.

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