Nas vésperas do 25 de Abril, o Presidente da República defendeu, durante um jantar com correspondentes estrangeiros, que Portugal tem "de pagar os custos" do colonialismo e proceder a reparações históricas tendo em conta as "ações que não foram punidas", "os responsáveis que não foram presos" e os "bens saqueados que não foram devolvidos".
Marcelo Rebelo de Sousa, cujo pai foi governador-geral de Moçambique, salientou ainda, durante a mesma conversa, que não basta "pedir desculpa", é necessário "assumir a responsabilidade para o futuro daquilo que de bom e de mau fizemos no passado".
As palavras do chefe de Estado, feitas numa altura em que se celebra os 50 anos da queda do regime fascista, não caíram bem, principalmente, na Direita.
O Governo PSD/CDS-PP fez questão de esclarecer, através de um comunicado que "não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas" com o propósito fazer reparações às ex-colónias. E o Chega vai mesmo apresentar um pedido de condenação a Marcelo na Assembleia da República.
Contudo, a discussão sobre as reparações históricas não é nova e há já vários países a fazê-las.
França tem liderado o movimento e devolvido vários objetos de arte retirados das antigas colónias francesas depois de, em 2017, o presidente francês, Emmanuel Macron ter defendido que os crimes da colonização europeia são incontestáveis e que, no caso francês, o património não poderia ficar aprisionado nos museus. Desde essa altura, França devolveu 26 objetos ao antigo reino do Benim, pilhados num quadro de violência colonial.
A Alemanha seguiu o exemplo e alocou 2,1 milhões de euros para investigar objetos de antigas colónias nos respetivos museus para posterior devolução aos países de origem - entretanto devolveu também alguns objetos ao Benim e à Namíbia. Já a Suíça devolveu ao Egito 32 objetos culturais.
Os Países Baixos, por sua vez, devolveram quase 600 obras de arte à Indonésia, outrora território colonial das Índias Orientais Neerlandesas.
O Reino Unido optou por reparar o passado colonial com um 'empréstimo' de cerca de 30 peças de ouro e prata, do Museu do Britânico e do Museu Victoria e Albert, ao Gana, durante seis anos.
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