Reparação às ex-colónias? "Não me arrependo. É uma ideia antiga minha"

O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que estava alinhado com o Governo e considerou que os processos de reparação a ex-colónias já estão a ser feitas. "É um processo que está em crescendo, não em decrescendo", classificou, desvalorizando qualquer polémica sobre eventuais novas reparações.

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Teresa Banha com Lusa
30/04/2024 18:47 ‧ 30/04/2024 por Teresa Banha com Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou, esta terça-feira, aos jornalistas, durante a sua viagem à Cidade da Praia, Cabo Verde, tocando no tema que tem feito notícias nos últimos dias.

O chefe de Estado foi questionado sobre se se arrependia das declarações no âmbito da reparação às ex-colónias. "Não [me arrependo]. É uma ideia antiga minha. É uma ideia que tem dado frutos ao longo destes 50 anos", afirmou, depois de recordar que já tinha falado sobre o assunto anteriormente.

"Havendo tantos países no sul, e havendo apelo internacional de instituições, porque é que para Portugal não houve dúvidas nenhumas sobre a prioridade a dar àqueles que são Estados que falam português, que vieram à independência depois de terem sido colónias? Porquê? Porque havia laços históricos, todo um passado que justificava prioridade", continuou, acrescentando que a cooperação e parcerias que Portugal tem com estes países não tem comparação com o que se tem noutros domínios.

Sublinhando que cooperação entre países é reparação já "está a ser feita", Marcelo adiantou que continuará a acontecer. "É um processo que está em crescendo, não em decrescendo", apontou.

"A sociedade portuguesa está preparada há algum tempo para compreender um fenómeno que era muito recente. Tudo isto aconteceu há muito pouco tempo. Estamos a celebrar os 50 anos [do 25 de Abril]", considerou, relembrando ainda que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa só 'nasceu' 22 anos após a Revolução. "Com feridas de parte a parte, que demoraram a cicatrizar", reconheceu.

Marcelo defendeu ainda que hoje em dia a sociedade já está "psicologicamente, sociologicamente e politicamente preparada" para reparações, dando o exemplo do que "está a ser feito" em Cabo Verde.

Marcelo foi ainda confrontando sobre o comunicado do Governo, nota que considerou que "tem toda a razão de ser", assim como com as críticas que surgiram de vários partidos.

"Numa Democracia representativa, o Presidente por um lado respeita as várias opiniões. Tive ocasião de dizer que a Democracia é tão rica que cabem nela mesmo os que tem dúvidas sobre certos aspetos da Democracia ou instituições. É a diferença da ditadura. E o Presidente deve colocar-se acima dos debates partidários, que são legítimos", apontou.

Na Cidade da Praia, Marcelo foi ainda questionado sobre as declarações do seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, que em entrevista à TSF defendeu que o assunto das reparações não deveria ser tratado de "forma ligeira" e na "praça pública". E respondeu aos jornalistas: "O Presidente da República está a falar convosco aqui, na praça pública e não é de forma ligeira - penso eu. É tão legítimo fazê-lo aqui com jornalistas portugueses como fazer num encontro com jornalistas estrangeiros".

"Isso é a Democracia. Lembre-se que eu estive 50 anos a comentar toda a gente e todos os factos da vida portuguesa. Como é que eu posso deixar de aceitar todas as críticas vindas de todas as pessoas", afirmou.

Reforçando ainda que as parcerias entre os países são processos contínuos, Marcelo garantiu que hão de haver "mais projetos de cooperação.

Em jeito de resumo, Marcelo considerou ainda "evidente" que estava alinhando com a posição do Governo, rejeitando assim que houvesse qualquer mal-entendido quanto a estes "processos".

[Notícia atualizada às 19h08]

Leia Também: Vários países já fizeram reparações históricas a ex-colónias. Eis como

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