Estudantes acampam em faculdade para reclamar fim da guerra e dos fósseis

O átrio da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa está desde hoje de manhã ocupado por um acampamento improvisado, num protesto de estudantes que reclamam o fim da guerra na Faixa de Gaza e dos combustíveis fósseis.

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Lusa
07/05/2024 17:06 ‧ 07/05/2024 por Lusa

País

Lisboa

Oito tendas de campismo estão instaladas no pátio do edifício, onde os estudantes colaram faixas e cartazes com as mensagens "Fim ao Genocídio", "Fim ao Fóssil até 2030", "De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá", "Bloco de Resistência Estudantil -- Fim à repressão policial", "O nosso futuro acima do lucro fóssil" ou "Eletricidade 100% Renovável".

Ao início da tarde, perto de três dezenas de estudantes estavam envolvidos nos preparativos deste acampamento, preparando mais cartazes. Alguns, com computadores portáteis e livros, terminavam trabalhos universitários dentro das tendas ou sentados no chão, enquanto outros almoçavam uma refeição que uma ativista distribuía.

Com esta ocupação, convocada por vários coletivos, os manifestantes juntam-se assim ao movimento estudantil internacional, iniciado em universidades norte-americanas e que se tem repercutido por todo o mundo, incluindo vários países europeus, na América Latina e na Austrália.

Os protestos continuaram hoje em várias cidades europeias, como Paris, Berlim, Amesterdão ou Genebra, em alguns casos reprimidos pelas forças policiais e com detenções de dezenas de ativistas.

Até cerca das 16:00, os manifestantes ainda não tinham falado com a direção da faculdade. A Lusa também tentou obter um comentário, mas sem sucesso até ao momento.

Em Lisboa, os manifestantes promoveram uma "programação política para explicar como o problema do colonialismo fóssil e o problema do genocídio que está a acontecer em Gaza são exatamente o mesmo: este sistema que coloca o lucro acima da vida das pessoas", disse à Lusa Catarina Bio, 21 anos, porta-voz da ocupação.

Os estudantes, explicou, estão determinados a permanecer acampados e organizaram-se em grupos de trabalho, mas "tudo funciona também muito à base da solidariedade".

"A nossa expectativa é ficarmos até vencermos e, para nós, vencer significa que tem de haver um compromisso do nosso Governo para se pronunciar pelo fim do massacre que está a acontecer em Gaza e para garantir o fim aos combustíveis fósseis até 2030", referiu a representante, aluna da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Os jovens contestam "o sistema" que, afirmam, está a "falhar muito".

"O sistema tem-se mostrado absolutamente incapaz de responder a esta crise humanitária e genocídio que está a acontecer na Faixa de Gaza e à crise climática", afirmou Matilde Ventura, de 19 anos, membro do movimento Greve Climática Estudantil.

A estudante de Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa afirma que se vive hoje "um tempo histórico absolutamente insano".

"É moralmente inaceitável nós ficarmos paradas, ficarmos em silêncio e continuarmos a nossa vida de segunda a sexta-feira, como se estivéssemos a viver tempos que são normais", comentou.

Questionada sobre a forma como se preparou para esta ocupação, Matilde Ventura recordou que já participou noutras ações deste tipo e, desta vez, veio 'equipada' da mesma forma: "Com determinação".

"Queremos ter um futuro. Queremos sentir que vivemos num sistema que nos dá possibilidades de futuro. Precisamos de marcar terreno e mostrar que não estamos felizes com esta colonialidade moderna, este espírito capitalista de colocar o lucro acima das pessoas", afirmou, por seu turno, Beatriz Gomes, do movimento Estudantes pela Justiça na Palestina, que envergava um lenço tradicional palestiniano ('kufiyah').

Simone Silva, estudante de Direito na Nova School of Law, está desde há meses em contacto com palestinianos na Faixa de Gaza, relatando os casos de três famílias que estavam em Rafah, no sul do enclave palestiniano, e que procuram agora novos abrigos, face às ordens de retirada do exército israelita.

"A única coisa que estas pessoas querem é voltar para as suas casas destruídas para as poderem reconstruir, como já fizeram várias vezes", disse a jovem, relatando o caso de uma rapariga de 16 anos, que "já viveu sete guerras em Gaza".

Os palestinianos, acrescentou, reclamam que os países ocidentais exijam a Israel o cumprimento do Direito internacional.

A ativista deixou ainda um apelo ao Governo português: que possa promover a vinda de estudantes palestinianos para as universidades nacionais, "já que não têm universidades lá".

[Notícia atualizada às 17h43]

Leia Também: Jantar de curso deixa várias dezenas de alunos doentes. "Já tiveram alta"

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