O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem estado no centro da polémica nacional após declarações polémicas a respeito de António Costa e Luís Montenegro, assim como de eventuais reparações a ex-colónias, propondo o pagamento de reparações pelo passado. Neste sentido, o Chega decidiu avançar com uma ação criminal contra Marcelo por "traição à pátria".
O chefe de Estado acabou por reagir na quarta-feira à intenção de André Ventura, dizendo que dar opinião é "diferença entre democracia e ditadura".
"Não falo sobre isso, para além do que já disse, que é dizer que vivemos em democracia. E a democracia tem a diferença em relação à ditadura que é a liberdade de expressão de pensamento, a liberdade de pensar. A liberdade de pensar de todos, de concordar, de discordar, quer sejam titulares de cargos políticos, quer não sejam", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas.
De recordar que, antecedendo as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o Presidente da República sugeriu, num jantar com jornalistas estrangeiros, que Portugal deveria assumir responsabilidades por crimes cometidos durante a era colonial, propondo o pagamento de reparações pelos erros do passado.
Este momento levou o Chega a avançar com uma ação criminal contra o Presidente da República, por traição ao país e à Constituição. "Nunca um chefe de Estado português, em 900 anos de história, decidiu fazer um exercício de autoresponsabilização dos seus soldados, das suas Forças Armadas, dos seus cidadãos", criticou Ventura, falando numa "profundíssima traição a Portugal".
"O Chega não poderia deixar de assinalar a gravidade de palavras que tocam nos mais velhos, nos soldados, com a nossa história, com as nossas forças armadas e antigos combatentes. É em nome desses todos, desses todos, em nome do país, da sua história, que decidimos avançar com processo inédito na nossa história parlamentar de acusação ao Presidente da República", anunciou André Ventura, que considerou que este "deixou de representar o interesse nacional e passou a representar o interesse de outros Estados".
O líder do Chega também acusou Marcelo de ter "coagido o Governo", sugerindo que PS e PSD estão contra a sua iniciativa porque concordam com essa ideia.
Chega "tem legitimidade para fazer a proposta" contra Marcelo
O Presidente da Assembleia da República (AR), José Pedro Aguiar-Branco, também se pronunciou sobre o tema na quarta-feira e considerou que o Chega "tem a legitimidade para fazer a proposta" para as acusações a Marcelo Rebelo de Sousa, uma vez que "reúne o número de deputados necessário para o fazer". Apesar de dizer que, no seu cargo, não se deve pronunciar, assumiu que, "como deputado", sabe "bem" como vai votar.
António Costa na Europa? Tem "protagonismo europeu"
Já no que diz respeito ao ex-primeiro-ministro e ao seu futuro político, já não é a primeira vez que Marcelo aponta António Costa ao Conselho Europeu. E voltou a fazê-lo.
O Presidente da República fez um elogio ao "protagonismo europeu" de Costa, algo que referiu ter sido testemunha, "antecipando ideais, antecipando problemas, antecipando riscos, antecipando soluções" no quadro da União Europeia.
António Costa é um "apaixonado pela Europa - não é que fosse menos apaixonado por Portugal, mas apaixonado pela Europa", considerou, reiterando que espera que o ex-governante possa "continuar a viver intensamente esta problemática a nível europeu".
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