José Ornelas, numa mensagem divulgada pela CEP a partir do Vaticano, disse que a questão dos abusos é um "tema importante" que estará presente nas reuniões que os prelados portugueses terão com os diferentes dicastérios [espécie de ministérios] da Santa Sé, sendo "uma questão dolorosa".
"É uma questão dolorosa, mas faz parte da nossa vida. E também não nos deixa simplesmente a chorar ou a lamentar, a pedir perdão, necessariamente, mas, sobretudo, a criar um futuro melhor", disse José Ornelas, lembrando que o Grupo VITA está a completar um ano de trabalho e "terá oportunidade de expor o caminho" que está a ser feito "no sentido da justiça e da dignidade de cada pessoa humana e, particularmente, daqueles que são mais frágeis, das crianças, das pessoas com particulares debilidades e que não podem ser abusadas, mas antes têm de ser objeto de um carinho especial para que possam recuperar".
O presidente da CEP adiantou que a visita dos bispos portugueses ao Vaticano, que culminará na sexta-feira com uma audiência com o Papa Francisco, servirá, também, "para escutar e partilhar aquilo que tem sido a experiência sinodal" da Igreja Católica em Portugal, bem como para agradecer a visita do pontífice em agosto de 2023, aquando da Jornada Mundial da Juventude, realizada em Lisboa.
"Estamos cá, também, para pensar uma Igreja para o amanhã e nada melhor que este encontro com o Papa Francisco, que é alguém que nos chama sempre à memória aquilo que somos como Igreja", disse na mensagem o também bispo de Leiria-Fátima, acrescentando ser propósito dos bispos portugueses a construção de "uma igreja mais saudável, mais unida, mais missionária, que se preocupa com os grandes problemas do mundo para (...) ajudar apensar um mundo melhor para todos".
A visita "ad Limina Apostolorum" é feita de cinco em cinco anos -- esta deveria ter ocorrido em 2020, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19 -, e, além de reuniões dos prelados com os diferentes dicastérios da Santa Sé, encontram-se também com o Papa, com o Código de Direito Canónico a estabelecer que "o Bispo Diocesano tem obrigação de apresentar ao Sumo Pontífice, a cada cinco anos, um relatório sobre a situação da diocese que lhe está confiada".
Nesse relatório, segundo informação da CEP, os bispos prestam contas das suas administrações ao Papa e à Santa Sé.
O programa teve início esta manhã, com um encontro com a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos, cuja segunda Assembleia decorrerá no Vaticano em outubro.
Hoje ainda terão lugar encontros no Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e na 1.ª Secção do Dicastério para a Evangelização.
Até sexta-feira, além das reuniões nos diferentes dicastérios, das visitas aos túmulos dos apóstolos e do encontro com o Papa, está também previsto um jantar na Embaixada de Portugal junto da Santa Sé.
O grupo desta visita é constituído por 29 membros da CEP: 20 bispos diocesanos, cinco bispos auxiliares, um bispo eleito (Beja), dois bispos eméritos (Cardeais António Marto e Manuel Clemente) e um Padre (secretário e porta-voz da CEP).
Leia Também: Ornelas condena "escândalo" que é a morte de milhares de crianças em Gaza