António Costa foi ouvido pelo Ministério Público, esta sexta-feira, no âmbito da Operação Influencer, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu, salientando que o ex-primeiro-ministro foi "ouvido como suspeito, e não como arguido, portanto, a seu pedido, que tinha sido formulado e explicitado no dia em que deixou de exercer as funções".
"Não podendo" comentar "as tramitações do processo judicial", o chefe de Estado recordou que, "ainda ontem, em Itália", quando perguntado, "disse que não ia falar de processos concretos, mas sempre que levantavam a questão dizia, por um lado que era bom para Portugal e para a Europa que o lugar de presidente do Conselho Europeu - a haver consenso e parece que há consenso muito alargado - ser ocupado por um português e por aquele português, pela sua experiência europeia".
Sobre a audição em concreto, Marcelo não disse se seria "boa ou má notícia", mas "é uma notícia num processo que aguardava este momento há vários meses", adiantou. "Quero apenas anotar que, realmente, processualmente houve este passo, que é um passo importante", declarou ainda Marcelo Rebelo de Sousa, em resposta aos jornalistas, à saída de uma iniciativa no Hub Criativo do Beato, em Lisboa.
O chefe de Estado realçou que António Costa foi ouvido "antes dos três meses" de prazo, acrescentando: "Quer dizer que quem conduz o processo entendeu que devia ser assim, eu não vou comentar isso. Entendeu que se justificava ser antes".
Recorde-se que António Costa foi esta sexta-feira ouvido a seu pedido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), seis meses após a Procuradoria-Geral da República ter anunciado que era suspeito no âmbito da Operação Influencer, o que levou a que, em seguida, pedisse a demissão do cargo de primeiro-ministro, a 7 de novembro de 2023.
O caso está relacionado com o projeto de construção de um centro de dados na zona industrial e logística de Sines pela Start Campus, a produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, e a exploração de lítio no distrito de vila Real, em Montalegre e Boticas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou de imediato a demissão do primeiro-ministro, e dois dias depois, anunciou ao país a dissolução do parlamento e a convocação de eleições, que se realizaram no dia 10 de março, dando a maioria ao PSD/CDS-PP/PPM.
Leia Também: Influencer. António Costa já foi ouvido pelo MP, meses depois da demissão