O documento dá igualmente conta de um "aumento substancial" da atividade criminosa de tráfico de droga, bem como das quantidades apreendidas.
O RASI regista um total de 37.947 quilos de haxixe apreendidos (+62,3% face ao ano anterior), 21.721 quilos de cocaína (+31,4%), 41 quilos de heroína (- 43,5%) e 91.054 unidades de ecstasy (+47,3%).
No que se refere ao número de apreensões registadas no documento de 2023, o haxixe lidera com 5.806 (+22,4%), seguindo-se a cocaína com 2.105 (+4,8%), a heroína com 1.073 (- 14,3%) e o 'ecstasy' com 807 (+31,2%).
O documento destaca o "crack" (droga para fumar conhecida como a cocaína dos pobres) como tendo vindo a criar algum alarme social, tendo sido registado nos últimos anos um aumento das quantidades apreendidas. Em 2021 foram apreendidos 36,65 quilos em quatro apreensões, no ano seguinte 4.925 quilos em 325 apreensões e em 2023 foram apreendidos 7.113 quilos em 293 apreensões.
Quanto aos intervenientes no tráfico e consumo, foram registados 9.001, dos quais 7.565 acabaram detidos.
Entre os detidos, 6.884 foram homens, dos quais 6.098 com 21 anos ou mais e entre eles 5.986 de nacionalidade portuguesa.
As operações realizadas pelas autoridades policiais levaram à apreensão de 4,51 milhões de euros, 16 embarcações de alta velocidade, 236 viaturas ligeiras, 2.344 telemóveis e 130 armas de vários tipos.
O relatório aponta que, à semelhança do que sucede em outros países, também em Portugal se tem vindo a constatar que diferentes organizações criminosas procuram infiltrar-se em infraestruturas portuárias e aeroportuárias existentes em território nacional, através do recrutamento de trabalhadores de diferentes entidades, designadamente prestadoras de serviços.
"O objetivo é o de conseguirem, com o apoio de tais trabalhadores, criar o que poderemos designar por verdadeiras 'vias verdes' para a entrada de grandes quantidades de estupefaciente em território nacional e, concomitantemente, no espaço europeu", sublinha o documento, que sublinha igualmente que, para além do tráfico em grande escala, verifica-se também "uma crescente utilização de serviços de correios e de encomendas postais, através dos quais as organizações criminosas fazem chegar as drogas ao consumidor final (sobretudo as sintéticas)".
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