Bruno Pereira, porta-voz da plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR, defendeu, esta terça-feira, que não irá "aceitar" algo diferente da contraproposta recentemente apresentada ao Governo por causa da atribuição de um suplemento, considerando que seria "vender a alma ao diabo" aceitar "um valor que fosse ou representasse uma migalha".
De recordar que a plataforma dos sindicatos da PSP e associações da GNR apresentou ao Governo uma contraposta, propondo que o suplemento que cobre o risco aumente 300 euros este ano e outros 300 em 2025, passando dos atuais 100 para 700 euros. A plataforma defende que os 600 euros de aumento sejam pagos de forma faseada entre este ano e 2025.
"Essa foi a nossa proposta, conscientes de alguma limitação orçamental, que naturalmente existirá, porque o Governo acabou de entrar em funções há dois meses", começou por dizer o porta-voz da plataforma que congrega 11 estruturas da PSP e GNR, em declarações aos jornalistas, antes de uma reunião negocial com a ministra da Administração Interna.
"Isso teria que, necessariamente, passar por um o orçamento retificativo, ainda que eu salvaguarde a predisposição do Partido Socialista (PS) em fazer parte dessa solução", frisou, explicando que "ainda que os policias já estejam a perder por não terem sido contemplados numa primeira fase, seria razoável uma primeira linha dar e prover já 300 euros de aumento e depois com aumento gradual e faseado".
Caso não se chegue a esse acordo, Bruno Pereira é claro: "Nós não vamos aceitar, pelo menos da minha parte eu não irei aceitar, algo que seja diferente disto. Acho que é uma questão de dignidade".
"Os polícias não irão compreender que se dê um valor muito menor do aquele que foi escalado exatamente para uma função que é eminentemente policial. Não estaríamos aqui bem e venderíamos um bocadinho a alma ao diabo se aceitássemos um valor que fosse ou representasse uma migalha. Terá que haver aqui uma consciência daquilo que estamos a tratar", rematou.
Recorde-se que ministra da Administração Interna volta hoje a reunir-se com os sindicatos da PSP e associações da GNR por causa da atribuição de um suplemento, depois de já ter apresentado três propostas que desagradaram aos polícias.
Trata-se da quarta reunião negocial entre Margarida Blasco e os seis sindicatos da Polícia de Segurança Pública e as cinco associações da Guarda Nacional Republicana.
Na última ronda de negociações, a ministra da Administração Interna propôs alterar o suplemento por serviço e risco nas forças de segurança que já existe na vertente fixa de 100 para 280 euros, um aumento de 180 euros, e manter a vertente variável de 20% do ordenado base.
Os sindicatos da PSP e associações da GNR saíram desta reunião desagradados com a proposta apresentada por Margarida Blasco, porque consideraram "o valor muito baixo", apresentando, por isso, uma nova contraproposta.
Atualmente, o suplemento por serviço e risco nas forças de segurança inclui uma componente fixa de 100 euros e uma variável de 20% do salário base.
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