Segundo o porta-voz do Comando Metropolitano da PSP do Porto, procedeu-se à detenção de um homem por "crimes contra a autoridade", nomeadamente injúrias, resistência e coação, e os outros dois foram identificados, um por uso de megafone, que lhe foi apreendido, e uma rapariga por ter tinta vermelha nas mãos, que mancharam o uniforme de um agente.
Um dos jovens identificados apresentava queixas num ombro pelo que foi transportado ao Hospital de Santo António.
O discurso da presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato, Ursula von der Leyen, que participou num comício da AD, foi interrompido por dezenas de manifestantes de apoio aos palestinianos, que pediram uma "Palestina livre" dos bombardeamentos de Israel, protesto que levou à intervenção da PSP.
Em comunicado, o grupo informal de ativistas e estudantes apresentou a sua versão dos acontecimentos, que difere da apresentada pela PSP, no que se refere, nomeadamente, ao número de detidos.
O protesto decorria de maneira pacífica mas, no instante em que os ativistas começaram a gritar "Von der Leyen, you can't hide, you are funding genocide" [Von der Leyen não te podes esconder, estás a financiar um genocídio], foram "cercados de forma agressiva por apoiantes da AD, seguranças privados e pela polícia".
"De forma aleatória e sem qualquer justificação legal, dois ativistas foram detidos e uma outra identificada. Um dos manifestantes detidos foi, como mostram de forma inequívoca as imagens transmitidas pela comunicação social, imobilizado e brutalmente agredido pela polícia. Encontra-se neste momento no hospital, após a polícia lhe ter deslocado o ombro, aberto a cabeça e recusado, num primeiro momento, o acesso a tratamento médico".
Em declarações à Lusa, a fonte da PSP disse que perante as queixas de dor num ombro, apresentadas por um dos manifestantes, foi chamada uma ambulância.
O grupo de ativistas considera que "perante este cenário de evidente abuso da força por parte dos agentes, a AD foi não apenas conivente com estes atos, como também contribuiu para o escalar da violência contra os ativistas que protestavam contra o genocídio em curso na Palestina".
"Enquanto ativistas e estudantes eram detidos e brutalizados pela força repressiva do Estado, a presidente da Comissão Europeia vangloriava uma liberdade de expressão negada em direto, escudando-se no caráter autocrático do estado russo: 'Se vocês estivessem em Moscovo, estavam agora na prisão'. É quase irónico ver alguém que ignora o regime colonial de ocupação e apartheid israelita encher a boca para falar em liberdade", escrevem.
O grupo diz ainda condenar "veementemente a violência policial exercida contra estudantes e ativistas que exigem pacificamente o fim do genocídio em curso".
"O apoio diplomático da União Europeia e o apoio militar de estados membros a Israel tem de cessar. A cobardia do Governo português envergonha a imensa maioria da população que luta ativamente pelo corte das relações imediatas entre Portugal e Israel e pelo reconhecimento imediato do Estado da Palestina", defendem.
E acrescentam: "Do Porto a Gaza, a tremenda hipocrisia de quem fala em liberdade, mas procura suprimi-la com violência, não nos calará".
Ursula von der Leyen tinha começado a discursar num comício da AD no centro do Porto e estava a elogiar o apoio do presidente do PSD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, quando cerca de 20 manifestantes interromperam as suas palavras gritando "Palestina Livre", com as mãos pintadas de vermelho a lembrar o sangue do confronto.
Von der Leyen tentou continuar o discurso, mas as atenções no comício estavam centradas nos manifestantes, que acabaram por abandonar o local acompanhados pela polícia.
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