O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou, esta quarta-feira, ter a "esperança" que e a cimeira para a paz na Ucrânia, que se vai realizar na Suíça, possa "contribuir para iniciar um caminho, como ela própria se designa, de paz". Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, falou desta conferência como "um primeiro passo".
"Temos uma esperança firme de que a cimeira pode contribuir para iniciar um caminho, como ela própria se designa, de paz. Portugal tem dado o exemplo, não só porque vai estar representado ao mais alto nível por sua excelência o senhor Presidente da República, também ao nível do Governo pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, e por todas as ocasiões que nós não desperdiçamos para sensibilizar outros países para poder participar", afirmou Montenegro, em declarações aos jornalistas em Berna, na Suíça, onde se encontra no âmbito das celebrações do Dia de Portugal, após um encontro com a presidente da Confederação Suíça, Viola Amhed.
"Creio que todos temos o dever de fazer um esforço de valorização da cimeira, por um lado e, não a tentar diminuir, mesmo até nas notícias, antes de ela se realizar", defendeu, admitindo que há "desafios para vencer", mas que "este ponto de partida é muito importante".
"E, naturalmente, como país que luta e preserva a paz, que, na União Europeia, nas Nações Unidas, na CPLP, tem estado sempre na linha da frente da sensibilização para podermos ter paz na Ucrânia, nós vamos dar o exemplo e temos dado o exemplo", disse, acrescentando ainda que, juntamente com o Presidente da República, tiveram ambos oportunidade de "agradecer também o empenho da Confederação Helvética, da Suíça, na promoção deste encontro".
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que está nesta visita conjunta com Montenegro, destacou a importância desta cimeira, desvalorizando a ausência de alguns líderes mundiais da mesma, como é o caso de Joe Biden.
"Têm de perceber que esta cimeira é uma primeira de várias cimeiras. Tinha de haver uma cimeira primeira e a Suíça avançou e avançou muito bem", disse o Presidente, que chefiará a delegação portuguesa à conferência de 15 e 16 de junho em Burgenstock, acompanhado do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
"Na primeira cimeira uns países podem estar representados por chefes de Estado, outros por chefes de governo, outros por ministros dos Negócios Estrangeiros, que é o caso do Estados Unidos, outros, é o caso de Portugal, pelo chefe de Estado e pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Mas, o que interessa é que se dê este primeiro passo porque, se não se dá o primeiro passo num processo que é para paz, aí perde-se o que é um caminho fundamental que todos desejamos", completou.
A «Conferência de alto nível sobre a paz na Ucrânia», que terá lugar na estância de Burgenstock, nos arredores de Lucerna, juntará representantes de mais de 90 países e organizações, mas sem a participação da Rússia nem da China, sendo mais de metade das delegações da Europa.
O objetivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido da Ucrânia, e para a qual haviam sido convidadas 160 delegações de todo o mundo, é "inspirar um futuro processo de paz", tendo por base "os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz baseadas na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional".
A Ucrânia espera obter nesta conferência um largo apoio internacional a um plano conjunto de paz, já na perspetiva de uma segunda cimeira, para a qual seria convidada a Rússia.
Entre os participantes contam-se o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron.
Entre os ausentes, destaque para a Rússia, que por diversas deplorou a realização de uma conferência baseada no plano de paz apresentado em finais de 2022 por Zelensky -- que prevê uma retirada das tropas russas do território ucraniano, compensações financeiras por parte de Moscovo e a criação de um tribunal para julgar os responsáveis russos -, e acusou a Suíça de perder a neutralidade ao alinhar-se com as sanções europeias, mas também da China, um dos grandes aliados de Moscovo e visto como um intermediário fundamental para futuras conversações de paz.
Do grupo dos países de economias emergentes, também Brasil não participará, por considerar indispensável a participação de Moscovo, a presença de uma delegação da África do Sul continua incerta, e apenas a Índia confirmou a presença, mas desconhece-se a que nível de representação.
[Notícia atualizada às 15h32]
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