O Ministério Público (MP) pediu, esta quinta-feira, uma pena de oito a 10 anos de prisão para o agente de futebol César Boaventura, sob o qual pendiam acusações por crimes de burla, falsificação e branqueamento de capitais.
As acusações terão sido consideradas como provadas no julgamento, segundo avançou o Jornal de Notícias.
Em causa estão crimes que provocaram prejuízos de mais de dois milhões de euros.
Recorde-se que, em fevereiro, o empresário foi condenado a uma pena suspensa de três anos e quatro meses de prisão. Foi, além disso, absolvido do crime de corrupção na forma tentada, não se tendo provado que tentou também corromper o guarda-redes do Marítimo, Romain Salin.
Contudo, foi ainda condenado ao pagamento de 30 mil euros a favor de uma instituição de solidariedade social ou de promoção do desporto, e impedido de ter atividade profissional como agente de jogadores, de forma direta ou indireta, durante dois anos.
O juiz considerou credíveis os testemunhos dos jogadores, e as outras provas recolhidas, concluindo que foram cometidos três crimes de corrupção ativa no desporto, punindo cada um desses ilícitos com uma pena de um ano e oito meses de prisão, num cúmulo jurídico de três anos e quatro meses, embora suspendendo a execução da pena.
O tribunal considerou que o arguido tinha conhecimento que as propostas e condutas para alterar e falsear o resultado de um jogo eram proibidas e punidas por lei, mas decidiu suspender a pena, entendendo que apesar da gravidade das condutas em causa, não é conhecido ao arguido qualquer condenação prévia pela prática de crimes relacionados com o desporto, ou de teor grave ou violento, e também pelo facto do arguido trabalhar.
Quanto a um quarto crime de que César Boaventura estava acusado, de corrupção de forma tentada, na abordagem ao guarda-redes do Marítimo Roman Salin, o tribunal ilibou o empresário, apontando que o mesmo apenas comunicou ao guardião que tinha uma proposta de transferência para um clube estrangeiro, mas que não houve tentativa de aliciamento, pois o jogador recusou continuar a conversa.
Apesar de o Benfica não estar implicado neste processo, por não se ter provado que César Boaventura tenha agido em comunhão com os responsáveis do clube lisboeta, na leitura do acórdão juiz mencionou que ficou provado que o empresário tinha uma relação de proximidade e confiança com ex-presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, reconhecendo que ambos falavam com frequência de assuntos profissionais e relacionados com o futebol.
[Notícia atualizada às 15h28]
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