Na sua intervenção inicial no debate parlamentar preparatório do Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, Luís Montenegro aproveitou para responder a uma pergunta do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, que tinha ficado sem resposta no debate quinzenal, que antecedeu este.
"A posição do Governo português -- antes do exercício de funções deste Governo e agora também -- é a de procurar uma solução dos dois Estados", disse, recordando que, em maio, Portugal votou a favor da admissão da Autoridade Palestiniana como membro de pleno direito das Nações Unidas.
O primeiro-ministro insistiu que, sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, Portugal "está a dialogar numa base alargada no seio da União Europeia (UE)".
"Sabemos que há países que quiseram dar unilateralmente esse passo, não é o nosso caso, e assumimo-lo com transparência, independentemente do propósito que temos de contribuir para aproximar posições e para ser um fator que possa levar à obtenção da paz", disse.
No Conselho Europeu de quinta e sexta-feira, Montenegro disse que será abordada, na discussão sobre o Médio Oriente, a necessidade de "promover uma cessão das hostilidades" na Faixa de Gaza (cenário de um conflito entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas desde outubro), através da aceitação da proposta de cessar de fogo apresentada pelos Estados Unidos e respaldada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Durante o debate, o primeiro-ministro foi questionado pelo PS sobre o conflito no Médio Oriente e o reconhecimento do Estado da Palestina, e recordou que na última reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, na segunda-feira, Portugal, Grécia e Dinamarca impulsionaram um apoio à Autoridade Palestiniana "para a conceção de um futuro Estado da Palestina, nas suas dimensões financeira, económica e institucional".
Montenegro reforçou que Portugal tem "uma posição respeitada e considerada" no plano internacional, referindo que o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, já recebeu dois telefonemas do primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana "a reconhecer esse papel conciliador".
Respondendo à deputada da Bloco de Esquerda Marisa Matias sobre se Portugal vai defender no Conselho Europeu um embargo total à venda de armas a Israel, o primeiro-ministro admitiu que "uma posição conjunta" nesta matéria "é mais difícil", mas garantiu que Portugal irá reiterar a sua posição nesta matéria. O Governo português desaconselhou a exportação de armas para Israel.
[Notícia atualizada às 20h46]
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