Estudo associa Listerine a cancro. Empresa diz que produto "é seguro"

Produto é vendido em Portugal. Representante da marca aponta "problemas metodológicos" ao estudo.

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© Reprodução Facebook /Listerine

Carmen Guilherme e Inês Frade Freire
05/07/2024 18:47 ‧ 05/07/2024 por Carmen Guilherme e Inês Frade Freire

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Listerine

Um recente estudo desenvolvido por investigadores do Instituto de Medicina Tropical de Antuérpia, na Bélgica, lançou um alerta sobre o elixir bocal Listerine. Os cientistas dizem que a utilização regular do produto 'Listerine Cool Mint' pode aumentar o risco de cancro do esófago e do colorretal. A representante da marca em Portugal assegura que o produto é "seguro quando utilizado conforme indicado no rótulo e não existem provas de que cause cancro", apontando "vários problemas metodológicos" à referida investigação.

O estudo, que foi publicado na Revista de Microbiologia Médica, aponta que o uso diário deste elixir contribui para uma maior presença de duas bactérias, Fusobacterium nucleatum e Streptococcus anginosus, associadas a doenças oncológicas.

Segundo os investigadores, estas bactérias, eram mais prevalentes após três meses de utilização diária do produto.

Acredita-se que uma maior presença destas bactérias pode ser explicada pelo álcool na composição.

Ao The Telegraph, Chris Kenyon, docente da universidade, explicou  que utilizar elixires bucais com álcool de forma frequente "pode aumentar o risco de cancro e várias infeções"

"A maior parte das pessoas não deveria consumi-lo e, se o fizerem, devem utilizar os preparados sem álcool e limitar a sua utilização a um par de dias", referiu. 

Ao Notícias ao Minuto, um representante da Kenvue, empresa que detém a Listerine, contrapôs estas conclusões.

"Vários estudos sobre o impacto de Listerine na saúde oral foram publicados em centenas de publicações revistas por pares durante mais de um século, tornando-o numa das marcas de elixir bucal mais extensivamente testadas no mundo inteiro", defende.

"Avaliamos continuamente a ciência mais recente e monitorizamos os sinais de segurança para avaliar o perfil de risco-benefício dos nossos produtos. Listerine é seguro quando utilizado conforme indicado no rótulo e não existem provas de que Listerine cause cancro", acrescenta.

A empresa refere ainda que "após uma análise científica exaustiva", verificou que o estudo em causa "apresenta vários problemas metodológicos que põem em causa os seus resultados". 

"As conclusões deste documento não fornecem provas de qualquer efeito adverso para a saúde, faltando vários controlos de conceção importantes e rigor adequado para tirar quaisquer conclusões sobre o potencial impacto na saúde humana. Por essa razão continuamos a reforçar que Listerine é seguro quando utilizado conforme indicado no rótulo", completa.

O Notícias ao Minuto entrou em contacto com a Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) para tentar obter mais esclarecimentos, nomeadamente sobre se está a par do estudo, tendo em conta que o produto em questão é vendido em Portugal. O regulador respondeu, mais tarde, que "a explicação" apresentada pelo estudo em causa "é apenas parcial", apontando-lhe "várias fragilidades".

Já a DECO Proteste disse não ter recebido, até ao momento, qualquer queixa sobre o produto.

[Notícia atualizada a 9 de julho com resposta do Infarmed]

Leia Também: Infarmed diz como gerir escassez de medicamentos para diabetes

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