Numa nota enviada à Lusa, Aníbal Cavaco Silva disse que foi "com profunda consternação" que recebeu a notícia da morte da antiga procuradora geral da República, aos 68 anos, lamentando a sua "partida inesperada, demasiado cedo", e afirmou que ainda antes de a nomear, em 2012, ficou convencido "pela sua honestidade e a sua ponderação".
"A firmeza com que Joana Marques Vidal exerceu o seu mandato, dando uma nova dinâmica à investigação criminal, e a maneira equilibrada como geriu casos de elevada complexidade, impressionaram-me muito. Tive oportunidade de o dizer em 2018, quando terminou o seu mandato. A dignidade que manifestou desde então confirma as razões da minha admiração", escreveu Cavaco Silva.
O antigo chefe de Estado considerou que Marques Vidal "prestou serviços muito relevantes a Portugal" e endereçou "sentidas condolências" à sua família, "muito particularmente ao seu pai", José Marques Vidal, antigo diretor-geral da Polícia Judiciária.
"A sua partida inesperada, demasiado cedo, priva-nos de uma opinião sóbria, séria e relevante no mundo da Justiça", disse.
Joana Marques Vidal, a primeira mulher a liderar a Procuradoria-Geral da República (PGR), entre 2012 e 2018, morreu hoje, aos 68 anos, no Hospital de São João, no Porto, depois várias semanas internada em coma.
Em 2018, por proposta do então Governo do PS chefiado por António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa nomeou uma nova procuradora-geral da República, Lucília Gago, não reconduzindo Joana Marques Vidal.
O chefe de Estado justificou a decisão com duas "razões determinantes": sempre ter defendido a limitação de mandatos e considerar que Lucília Gago assegurava a continuidade do combate à corrupção e defesa de uma "justiça igual para todos".
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