"Foi um choque. Tinha uma grande admiração pela Dra. Joana Marques Vidal. Além de ser uma mulher extraordinária, foi também uma grande magistrada e, em termos de procuradores-gerais da República, foi um dos melhores que tivemos", afirmou Luís Azevedo Mendes, em reação à notícia do óbito da ex-procuradora-geral da República, aos 68 anos de idade, no Hospital de São João, no Porto.
Em declarações à Lusa, o vice-presidente do CSM considerou Joana Marques Vidal "uma referência muito grande, não só para todos os procuradores, mas para todos os juízes que contactaram com ela", salientando a sua intervenção ativa e a capacidade de reflexão, mesmo depois de abandonar a liderança do MP.
Instado a descrever o legado e a forma como a magistrada moldou a Procuradoria-Geral da República, Azevedo Mendes destacou a abertura de Joana Marques Vidal e a sua abrangência por todas as áreas de atividade do MP.
"Era uma comunicadora excecional. Toda a gente se recorda da capacidade de comunicação que ela tinha e de a exercer em qualquer momento. Nunca fugia aos jornalistas e foi um exemplo daquilo que se pede a um procurador-geral da República. Era uma pessoa que alardeava simpatia e afetos", vincou, reforçando: "Teria de pensar muito para conseguir falar da riqueza do exercício profissional dela".
Joana Marques Vidal morreu hoje, aos 68 anos, depois de ter estado em coma induzido devido a uma operação por causa de um cancro e acabou por sofrer uma septicemia, segundo fonte próxima da família.
O velório da ex-procuradora-geral da República vai decorrer na quarta-feira, entre as 14h00 e as 22h00, na Capela de São Lourenço, em Pedaçães, concelho de Águeda. As cerimónias fúnebres têm lugar na quinta-feira, às 14h00, sendo cremada no crematório de Aveiro.
Joana Marques Vidal foi a primeira mulher a liderar a Procuradoria-Geral da República (PGR), exercendo o cargo entre 2012 e 2018 e sendo sucedida por Lucília Gago.
Foi nomeada para a PGR em outubro de 2012 pelo então Presidente da República Cavaco Silva, ocupando o cargo detido até então por Pinto Monteiro.
Natural de Coimbra, onde nasceu em 1955, Joana Marques Vidal licenciou-se em Direito em 1978 e entrou no ano seguinte para a magistratura do Ministério Público.
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