Em declarações à Lusa, a bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, referiu ter sido "apanhada de surpresa" e ter ficado "profundamente triste" com a notícia da morte da antiga PGR Joana Marques Vidal, sobre quem sublinhou o papel pioneiro na justiça portuguesa.
"A senhora conselheira representa algo que é fundamental para as mulheres da Justiça, porque foi a primeira PGR mulher, para uma profissão que estava completamente vedadas às mulheres até ao 25 de abril de 1974. E por isso foi com grande orgulho que a vi ascender ao mais alto cargo de magistratura do Ministério Público, onde exerceu brilhantemente as suas funções", disse a bastonária.
Fernanda de Almeida Pinheiro lembrou "uma mulher muitíssimo inteligente, sagaz, com um sentido único de serviço público, com uma enorme gentileza e serenidade, com um sentido de humor muito próprio e muito contundente".
"E, portanto, vai fazer-nos muita falta. Deixa-nos uma mulher que foi de facto uma enorme servidora da justiça, que procurou sempre fazer o seu melhor com empenho, com zelo e com espírito de entrega e por isso o seu legado na Justiça portuguesa é enorme", disse, sublinhando que as mulheres na justiça portuguesa "devem muito" a Marques Vidal, "pela sua liderança e pelo seu posicionamento no sistema judicial português".
Joana Marques Vidal foi a primeira mulher a liderar a Procuradoria-Geral da República, exercendo o cargo entre 2012 e 2018 e sendo sucedida por Lucília Gago.
Foi nomeada para a PGR em outubro de 2012 pelo então Presidente da República Cavaco Silva, ocupando o cargo detido até então por Pinto Monteiro.
Natural de Coimbra, onde nasceu em 1955, Joana Marques Vidal licenciou-se em Direito em 1978 e entrou no ano seguinte para a magistratura do Ministério Público.
Morreu hoje, aos 68 anos, no Hospital de São João, no Porto, depois várias semanas internada em coma.
Leia Também: A primeira mulher PGR, que mandou prender um ex-primeiro-ministro