A Câmara Municipal de Lisboa (CML) tem vindo a encaminhar algumas pessoas em situação de sem-abrigo para os seus centros de acolhimentos, na mesma altura em que dados do projeto 'Unidade Municipal de Prevenção e Autonomia', no âmbito desta problemática, são conhecidos.
Na semana passada, foram partilhadas imagens da Gare do Oriente, em Lisboa, que mostram barreiras de segurança numa zona onde pessoas em situação de sem-abrigo costumam pernoitar. No vídeo, é possível ver que uma das zonas onde algumas pessoas costumam estar se encontra vazia - e interdita pelas barreiras.
No mesmo vídeo, vê-se, no entanto, que há pessoas em situação de sem-abrigo na mesma área, mas um pouco mais à frente - onde não existem barreiras de segurança.
O Notícias ao Minuto pediu esclarecimentos à Câmara Municipal de Lisboa (CML) e também à Infraestruturas de Portugal (IP), empresa responsável por aquela zona.
"A Gare do Oriente pertence à Infraestruturas de Portugal (IP) e está unicamente sob gestão desta entidade, e não do município", explica a autarquia em resposta. A autarquia dá ainda conta de que "tem encaminhado para os seus centros de acolhimento as pessoas que têm vindo a abandonar aquele local, tal como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML)". "Neste momento, cerca de 50 pessoas já foram acolhidas", detalham.
Na resposta enviada ao Notícias ao Minuto, a CML relembra ainda que "ao contrário do que sucedeu nos restantes municípios do país, o Governo delegou a ação social na SCML e não na CML".
"Apesar disso, a CML aprovou um Plano Municipal para as Pessoas em Situação de Sem Abrigo (PMPSSA), que prevê um investimento de 70 milhões de euros em diversas respostas", explicam ainda.
E o que diz a IP?
Também a Infraestruturas de Portugal respondeu ao Notícias ao Minuto, referindo que "encetou em março do corrente ano um trabalho conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa", tendo em conta o "incremento significativo do número de pessoas em situação de sem-abrigo na Gare do Oriente que permanecem durante o dia e pernoitam nesta infraestrutura ferroviária".
Uma situação, acrescentam, que a empresa considera "muito preocupante em termos sociais, para as próprias pessoas sem abrigo uma vez que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade, sem quaisquer condições de higiene e salubridade, e porque por outro lado é uma situação que impacta na higiene, limpeza e segurança desta estação ferroviária e dos seus utentes".
"A IP/IPP tem vindo a trabalhar em articulação direta com os serviços do município, de modo a, sempre que se verifica a saída de uma pessoa sem abrigo daquele espaço, por encaminhamento assegurado pela CML, seja o mesmo reorganizado para garantir a adequada fruição do espaço para os fins a que está afeto", rematam.
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