"Como português estou magoado, ofendido, preocupado com o que possa acontecer na Venezuela amanhã [domingo]. Porque eu, como eurodeputado português, tenho que defender a democracia, os direitos humanos e eleições livres e transparentes. Que país livre e transparente expulsa visitantes antes das eleições? Nenhum", afirmou Sebastião Bugalho, em declarações à imprensa espanhola, em Madrid, transmitidas pela RTP.
Na sexta-feira, uma delegação do Partido Popular Europeu (PPE) que ia acompanhar as eleições presidenciais venezuelanas na sequência de um convite da oposição política daquele país, ficou primeiro retida no aeroporto de Caracas e foi depois expulsa da Venezuela, noticiou a agência espanhola EFE, citando fontes do PPE.
Nas declarações à imprensa espanhola, Bugalho negou que a delegação do PPE se tenha deslocado na qualidade de "observadores eleitorais".
Fontes do PPE afirmaram à agência espanhola EFE que a razão pela qual não foram admitidos foi o facto de terem votado uma série de resoluções no Parlamento Europeu.
"Fui expulso por uma votação quando fui eleito há um mês, é profundamente ridículo", considerou Sebastião Bugalho.
Mais tarde, em declarações à Lusa, o eurodeputado eleito pela Aliança Democrática (coligação PSD/CDS-PP) frisou que a delegação do PPE procedeu "formalmente, institucionalmente e diplomaticamente" de forma "irrepreensível" e que sempre afirmou publicamente que a deslocação seria feita "em total respeito pela soberania da Venezuela e do seu ato eleitoral".
À chegada a Lisboa, em declarações à RTP, Bugalho foi questionado sobre como ficariam as relações entre PPE e o governo da Venezuela caso Nicolás Maduro vença as eleições, tendo respondido que ele e o vice-presidente do Parlamento Europeu e eurodeputado Esteban González Pons, que estava também na comitiva, irão escrever uma carta à presidente do Parlamento Europeu "sugerindo ou recomendando que haja reciprocidade no tratamento dos dignitários venezuelanos".
"Isto é, que o acesso ao Parlamento Europeu por parte das autoridades venezuelanas, mantendo-se este governo, seja exatamente o mesmo que tivemos, ou seja, que não possam entrar nas instituições europeias, que não possam participar em reuniões nomeadamente do Eurolat e do Mercosul porque achamos que a reciprocidade em democracia é fundamental", afirmou.
Questionado sobre esta iniciativa pela Lusa, Bugalho respondeu apenas que "não será indiferente ao Parlamento Europeu nem ao Partido Popular Europeu, o modo como" os eurodeputados foram tratados na fronteira venezuelana "e o modo como este processo foi gerido pelas autoridades venezuelanas, seja antes, durante e depois desta viagem".
Hoje, à chegada a Madrid, a delegação de eurodeputados, deputados e senadores do Partido Popular (PP) espanhol criticou o Governo do socialista Pedro Sánchez e a postura do ex-primeiro-ministro socialista Zapatero face ao governo venezuelano.
"Observámos uma ditadura que apodrece e cai", afirmou em declarações aos jornalistas o eurodeputado Esteban González Pons, responsável pelos assuntos internacionais do PP.
O dirigente espanhol explicou que viajavam três grupos diferentes - uma do Parlamento Europeu, outra do Congresso e outra do Senado - em resposta a "convites formais" da oposição venezuelana para "acompanhá-los" nas eleições presidenciais de domingo.
Não iam como "observadores internacionais", o que, segundo a legislação venezuelana, exige o reconhecimento como autoridade eleitoral, sublinhou González Pons, indicando que informou da viagem tanto ao Ministério dos Negócios Estrangeiros como ao embaixador espanhol em Caracas e aos embaixadores da Venezuela em Bruxelas e Madrid.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol explicou na sexta-feira que a Venezuela não autorizou a visita de uma delegação do Senado espanhol como missão de observação eleitoral e que apenas o PP [Partido Popular] decidiu efetuar a viagem, informaram fontes oficiais.
Várias delegações internacionais, além do grupo do Partido Popular Europeu (PPE) em que estava integrado o eurodeputado português Sebastião Bugalho, foram impedidas de entrar na Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais no domingo, noticiou hoje a EFE.
Mais de 21 milhões de venezuelanos estão habilitados a votar nestas eleições presidenciais, cuja campanha eleitoral ficou marcada por um clima de grande tensão no país, em plena crise económica, social e política.
O atual chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), vai concorrer pela terceira vez para mais um mandato de seis anos.
Maduro enfrenta nas urnas Edmundo Gonzalez Urrutia (do Mesa de Unidade Democrática/MUD), o candidato da oposição que a maioria das sondagens coloca na liderança, embora sejam desvalorizadas pelo partido do Presidente, alegando que são fabricadas.
[Notícia atualizada às 19h24]
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