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Em Odemira refaz-se a vida após fogo. Há quem desespere por voltar a casa

Um ano após o incêndio em Odemira, no distrito de Beja, o verde voltou a pontuar a paisagem e muitos dos que tiveram prejuízos já refizeram a vida, mas ainda há quem desespere por regressar a casa.

Em Odemira refaz-se a vida após fogo. Há quem desespere por voltar a casa
Notícias ao Minuto

06:52 - 03/08/24 por Lusa

País Odemira

Nos terrenos e encostas a sul de São Teotónio, freguesia de Odemira onde o fogo rural teve início no dia 05 de agosto de 2023, o tom cinzento deixado pelo fogo vai dando lugar ao verde, com o despontar de novas folhas na vegetação.

 

Mas o percurso feito pelas chamas continua bem visível, sobretudo, através dos troncos queimados das árvores, tal como aqueles dias de aflição ainda persistem na memória dos moradores.

É o caso do casal alemão de reformados Karl e Edelgard Münker, que não esquece e recorda com tristeza o dia em que teve que abandonar a sua quinta, em Vale Juncal, a pouco mais de cinco quilómetros de São Teotónio, devido ao incêndio.

"Fiz [uma mala com] alguns documentos, roupas para três dias, o nosso gatinho e a comida e um saco térmico com bebidas frescas e saímos. O marido ligou o aspersor de água em cima do telhado e achámos 'ok', voltamos mais tarde", lembra à Lusa Edelgard.

No dia seguinte, conta, ligaram a um amigo, que lhes disse que a casa tinha ficado totalmente destruída. Desde então, já viveram em casas de amigos e, agora, residem numa alugada na povoação de Relva Grande, na mesma freguesia.

Passado um ano, constata a Lusa durante uma visita, a pequena casa na quinta de Karl e Edelgard continua em ruínas, sem telhado e com marcas do fogo nas paredes e entulho no chão. No interior, ainda se veem ferros ferrugentos de máquinas e equipamentos.

"A câmara disse que ia ajudar rápido as pessoas que perderam a casa, mas já passou um ano", lamenta, num português percetível, o casal Münker, oriundo da cidade alemã de Colónia e a viver em Portugal há cerca de 20 anos.

Edelgard diz que a habitação estava legal e, agora, tencionam reconstruí-la com parte do dinheiro do seguro, mas "com mais um quarto para as visitas", estranhando que a câmara tenha exigido uma comunicação prévia para a obra, "como se fosse uma nova casa".

Já o vizinho Rudolfo Müller, um suíço de 62 anos a viver há 40 em Portugal, proprietário da unidade de turismo Monte da Choça, perdeu no incêndio uma das casas de madeira do alojamento, além de anexos e outro material, mas já reconstruiu tudo.

"Começámos logo a reconstruir, com ajuda de amigos, sobretudo da [associação] Casas Brancas e da Rota Vicentina, e também dos nossos clientes" e a ajuda foi "tanto monetária como em mão-de-obra", recorda à Lusa Rudolfo.

Com o alojamento sempre a funcionar, apesar dos danos, o empresário realça que acabou por não recorrer aos apoios públicos para recuperar dos danos provocados pelo fogo, por o alojamento não reunir as condições exigidas, nomeadamente ter seguro.

"Eu disse logo que o monte há de ser ainda mais bonito que dantes e hoje temos mais vistas. Ainda se vê muita madeira queimada, mas, para o ano, já pouco se vai ver do fogo", acrescenta.

Também a funcionar em pleno, desde a semana passada, está o Teima Alentejo SW. O empreendimento turístico, situado na mesma zona de São Teotónio, recorreu aos apoios públicos e acaba de abrir os quartos no edifício destruído pelas chamas.

Após o incêndio, "os primeiros tempos foram de desespero absoluto", confessa à Lusa Luísa Botelho, proprietária do Teima, referindo que, depois, "sem nada a perder", pediu orçamentos para as obras e começou a preparar a candidatura aos apoios.

Lamentando a burocracia, ainda que reconheça que os apoios têm regras, a dona do Teima conta que a candidatura às ajudas foi feita em setembro do ano passado e aprovada antes do fim do ano e, até agora, só recebeu metade do valor total.

"Tem sido um bocadinho complicado porque as burocracias são tão grandes e tudo tão moroso que acaba por nos prejudicar", desabafa.

A recuperação, iniciada em novembro de 2023 e agora concluída, incluiu, além do edifício destruído, a reconstrução do estacionamento e da ponte que dá acesso ao empreendimento, um dos nossos ex-líbris do espaço, e a plantação de 1.200 árvores.

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