Sudão: Investigadores denunciam saque do Museu Nacional e peças à venda na internet
Um conjunto de 200 investigadores afirmou hoje que o grupo sudanês paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) saqueou o Museu Nacional de Cartum e colocou à venda na internet e no vizinho Sudão do Sul algumas peças.
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País Sudão
De acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, o Centro Sudanês de Investigação sobre Cultura, História e Civilização escreveu hoje uma carta ao Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, pedindo-lhe que ajude a "devolver os objetos da coleção do museu" que foram levados para o país.
A carta, assinada por mais de 200 professores universitários e investigadores, faz "um apelo ao Presidente Kiir, ao seu governo e ao povo do Sudão do Sul, e um pedido de ajuda para perseguir e prender os ladrões que entraram no Sudão do Sul, com base na localização por satélite das rotas dos camiões" alegadamente utilizados pelos membros das RSF.
O Secretário para a Cooperação Internacional do Centro, Osama Sayed Ahmed al Husein, afirmou em comunicado que "as antiguidades que foram postas à venda na Internet não pertencem apenas ao povo sudanês, são um antigo património cultural humano com mais de sete mil anos, e as leis e costumes internacionais exigem a sua preservação e cuidado".
Al-Hussein revelou a existência de "uma operação massiva de pilhagem e contrabando do conteúdo e dos objetos de coleção do Museu Nacional, que tem estado sob o controlo da milícia em Cartum desde os primeiros dias da guerra", e defendeu a perseguição destes artefactos até que sejam devolvidos.
O responsável não indicou quais os artefactos alegadamente saqueados do museu e colocados à venda, acrescenta a Efe.
A guerra no Sudão eclodiu a 15 de abril de 2023 devido a fortes divergências sobre o processo de integração do grupo paramilitar - agora declarado organização terrorista - nas forças armadas, situação que levou ao descarrilamento definitivo da transição iniciada em 2019 após o derrube do regime ditatorial de Omar Hassan al-Bashir.
O conflito sudanês já causou entre 30 mil e 150 mil mortos, segundo diferentes estimativas, e constitui a maior crise de deslocados do planeta.
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